Política
Se atentarmos nas
gigantescas campanhas de desinformação que grassam nos Media é normal suspeitarmos que existe um esforço organizado no sentido de denegrir todos os regimes políticos que se opõem à
ditadura global do Mercado Livre – representados por governos que se demitiram da politica (fazendo crer que hoje em dia todas as questões são “problemas técnicos”) para se transformarem em meros executivos das empresas e multinacionais (que são as que têm actualmente bases para se expandir dentro da ideologia neoliberal)
Como financia o Império (e as oligarquias subservientes) o anticastrismo, o anti-chavismo (
o golpe antidemocrático de 2002), a islamofobia, o anti-comunismo? – se é certo que o organismo supranacional (a Fundação Nacional para a Democracia -
National Endowment for Democracy-NED), que financia p/e os Repórteres Sem Fronteiras, o El Mundo, o grupo Cisneros, etc) encarregado de
canalizar verbas para “os meios de comunicação social” foi apenas criado em 1983 por Ronald Reagan, é mais que certo que existiu um longo trabalho que antecedeu esse tipo de actividades.
Quem Paga a Fria Guerra Cultural?
Em Langley na Virgínia, respirava-se uma atmosfera de emergência. A CIA (
Central Inteligency Agency, CIA) que durante os últimos vinte anos havia logrado cumprir as tarefas de forma secreta, enfrentava agora uma crise profunda nas suas relações públicas. A forma como a CIA havia executado golpes de Estado, assassinatos e planeado deposições de governos democraticamente eleitos, estava a circular por todo o mundo nas primeiras páginas dos jornais, apesar de todos os esforços para o evitar. Com o antecedente da guerra do Vietname, e no meio de um clima de crescente desconfiança nacional, a CIA, que até então tinha sido uma instituição respeitada, começou a ser vista como um elefante enraivecido na loja de louças e de filigrana que era a politica internacional. Ficaram a descoberto os detalhes sujos da deposição do presidente Mossadegh no Irão em 1953; da expulsão do governo de Arbenz na Guatemala em 1954; da desastrosa operação da Baía dos Porcos; e de como a CIA havia feito espionagem a dezenas de milhar de norte- americanos e tinha negado esse tipo de práticas perante o Congresso, elevando assim a novos níveis
a arte de mentir.
É por demais bem conhecido que a CIA congregou à sua volta os intelectuais de extrema- direita quando ”internacionalizou” as suas actividades logo depois da 2ª Grande Guerra; poucos sabem porém que também individuos do centro e da “esquerda” num esforço para desviar a “intelligentsia” do país da influência do “comunismo” trabalharam activamente para que, torneando o obtstáculo, as actividades da CIA fossem direccionadas para levar à aceitação generalizada da “maneira de vida americana” por esse mundo
afora.
Frances Stonor Saunders, uma historiadora britânica, lança-se através da história na cobertura da operação “Congresso para a Liberdade Cultural” no panorama cultural da guerra fria em “The Cultural Cold War: The CIA and the World of Arts and Letters”. O livro centra-se na carreira de Michael Josselson, a principal figura intelectual na operação, e na forma como foi atraiçoado por pessoas que no principio lhe tinham dado cobertura. Saunders demonstra que, nos primórdios dos Escritórios de Serviços Estratégicos “
Office of Strategic Services, OSS) de onde viria a emergir depois a CIA, estes eram muito menos dominados pela ala direita conservadora do que depois viriam a ser – e a ideia de se ir ajudando a descartar progressivamente os moderados, para além de ser maquiavélica, tinha em vista unicamente abrir caminho para as figuras de topo que hoje todos conhecemos: os Bushs (pai e filho) que acabaram depois por, em duas tacadas fulcrais (
1963, o assassinato de Kennedy - 2001, o 11 de Setembro), estabelecer as bases do novo mundo de dominação global, a cuja tentativa de implantação assistimos hoje.
O McCarthysmo, foi decretado nos anos 50 pelo pelo “
Smith Act” para combater a grande maioria dos intelectuais americanos que na época eram susceptiveis de se deixar mentalizar pela Rússia de Estaline – e afastar o espectro do Comunismo (proibindo os livros que os Nazis antes haviam queimado). Na medida em que a “Caça às Bruxas” iniciada pelo senador McCarthy provocou uma enorme crise de consciência (nomes como Orson Welles, Charlie Chaplin, Arthur Miller e muitos outros foram perseguidos e impedidos de trabalhar) a América procurou que aparecessem, para consumo interno, outros ideais mais moderados.
A Cultura da Guerra FriaStephen J. Whitfield em "
The Culture of the Cold War" escreve um bem documentado ensaio demonstrando como a Guerra Fria foi produzida e sustentada por valores como o
super- patriotismo, intolerância e suspeição - e como estas patologias infectaram todos os aspectos da vida na América nos anos 50: na indústria do entretenimento, nas igrejas, nas escolas (tal como hoje são minados pela prefabricada “guerra contra o terrorismo)
"
Without the Cold War, what's the point of being an American?" era a questão posta por John Updike no conto “
o Coelho no Descanso” – com a situação do muro de Berlim a funcionar em pleno, a questão cultural americana foi resolvida pela assimilação dos valores europeus utilizados nas lutas dos Movimentos pelos Direitos Civis que se sucederam na década de 60 e seguintes. Sem a complexa Guerra Fria contra o papão “comunista” como e onde teriam ido os norte- americanos buscar a ideia de “Identidade Nacional”?
Bush Pai e Clinton:
as duas faces da mesma moeda
hoje em dia entretêm-se a jogar golf,
enquanto cá por baixo as lagartas dos
tanques tomam conta dos investimentos
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