25 de Abril Sempre!
Política

25 de Abril Sempre!


Disseram ontem os espertos que a colocação de titulos de divida nacional foi muito bem sucedida (1). O "mercado" foi magnânimo, ao cobrar apenas 3 por cento de juros, quando qualquer indigena que veja os fundilhos das calças penhorados pelo Fisco paga 5 por cento de juros sobre os valores em dívida. Bom para uns, mau para outros, certo é que "o sucesso português nos mercados" é a politica de endividamento perpétuo cujo ónus recai sobre o povo. Na verdade é o povo que é vendido aos credores da elite parasitária que deus nos deu. Quando os contratantes estrangeiros negoceiam com os Cavacos, Barrosos, Passos, Portas e challengers como o Seguro e quejandos, perguntam pelos "colaterais" - a garantia de que a dívida será paga - O que têm vocês para oferecer? 10 milhões de contribuintes orgulhosamente submetidos e os seus bens públicos de oferta para privatizar, chega?
Boaventura Sousa Santos
É sobre este pano de fundo que o comandante e ex-militar de Abril Vítor Crespo veio à Antena 1 defender que "a democracia nunca foi posta em causa desde a revolução (...) todos os valores do 25 de Abril foram cumpridos... menos os da economia" - ora, neste contexto, é urgente recordar ao senhor comandante aquilo que ele nunca soube, porque nunca lhe passou pelos dourados galões da reforma a ideia de ler Marx:
"é o estado económico de um povo que determina seu estado social, e o estado social de um povo determina, por sua vez, seu estado político (...) Na produção social da sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um dado grau de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção, a Economia (estúpido) constitui a estrutura económica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual em geral". Portanto, a ideia fundamental de Marx reduz-se ao seguinte: "as relações de produção determinam todas as outras relações que existem entre os homens na sua vida social. As relações de produção são determinadas, por sua vez, pelo estado das forças produtivas (...)  que mais não devem reflectir senão a luta que o homem (todos os homens de uma sociedade) travam com a natureza para assegurar a sua própria existência". É por mandarem às urtigas estas noções básicas de Economia Politica que aos teológos de Abril nem sequer resta a consciência que o regime que instauraram a 25 de Novembro (a data que realmente comemoram) não tem viabilidade para assegurar que os portugueses vivam em liberdade fora da exploração económica.
(Citações retiradas de G. V. Plekhanov,"A Concepção Marxista da História", 1901)

(1) a dívida de que estes "governantes" falam, também "chamada dívida externa ou dívida soberana, tem origem nos empréstimos contraídos pelo Estado para financiar os seus défices: o défice orçamental e o défice externo, no essencial. 
RIP
A dívida não é, pois, a causa dos nossos problemas, mas a consequência desses problemas, ou seja, o resultado dos problemas económicos e financeiros que inevitavelmente conduzem aos défices exorbitantes. A dívida só é importante para os credores; para os operários e para todo o povo português, o que é importante são as causas económicas que conduziram e conduzem ao endividamento"   
(no Luta Popular)





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