No dia em que passam 40 anos sobre o assassinato de Che Guevara - aqui exumamos a história para lhe prestar uma modesta, mas sentida homenagem. Não a sua história, que está gravada em milhões de corações por esse mundo fora. Mas a história daquilo que o Che combateu,
Em 1979, portanto muitos anos antes da CIA facultar ao conhecimento público “as jóias da coroa”, três escritores, investigadores e jornalistas judeus residentes em Israel, Uri Dan, Dennis Eisenberg e Eli Landau escreveram um livro ““Meyer Lansky, Mogul of the Mob” onde deram a conhecer a fabulosa história de um idoso judeu americano exilado em Israel por problemas com o Governo americano que pretendia “limpá-lo da história”: tratava-se de Majer Suchowliński, nascido em 1902 em Grodno na Rússia de então (hoje na Polónia). A familia emigrou para os Estados Unidos em 1911, onde nas ruas do Lower East Side o pequeno “Meyer” (depois “Lansky” por naturalização) se iniciou no mundo do crime, por via do cruzamento de destinos com o judeu Bugsy Siegel e o italiano Salvatore Lucano por um lado, e com os "homens da massa" como Arnold Rothstein e Benjamin B.Baron responsável pelo monopólio nos EUA dos caminhos de ferro do banqueiro Harriman (Brown Brothers Harriman Cº), (todos eles judeus), por outro lado.
É este grupo que mais tarde financiaria a campanha do escroque Richard Nixon para presidente. Para se aquilitar do alcance do gang, cujos integrantes a determinada altura subiram legalmente a accionistas e presidentes de conselhos de administrações de empresas legais, bastará lembrar que Alphonsus Gabriel Capone (Al Capone, il capo di tutti capo, em Chicago) era apenas um mero agente comercial da quadrilha. Foi deste núcleo duro da Máfia que, anos mais tarde, sairia o complot para assassinar o presidente John Kennedy. Voltaremos à história, mas para já, aqui fica um excerto transcrito da supracitada obra:
A amizade de Lansky com Fulgêncio Batista ( o presidente saído da Revolta dos Sargentos em 1933) tinha-se desenvolvido e ambos viram os seus lucros provenientes do jogo aumentarem nos finais dos anos 30. Lansky viu-se envolvido na politica cubana em 1938, quando Batista legalizou o Partido Comunista em Cuba para solidificar o seu controlo. Meyer argumentou ferozmente contra esta atitude de Batista, avisando-o que iria ter problemas com o Governo americano se cooperasse com os “vermelhos”. Batista assegurou-lhe que tinha os comunistas na mão, e foi na realidade com o seu apoio que foi eleito presidente em 1940. Depois veio a guerra e os empreendimentos de Lansky em Cuba estagnaram devido aos poucos americanos que aí se podiam deslocar. Mas, em 1944, perto do fim da guerra, realizaram-se novas eleições e Lansky interessou-se mais do que os seus negócios o justificariam". (Por essa altura o antigo imigrante Maier Suchowljansky tinha um Gabinete em Cuba equiparável ao cargo de embaixador, cujo staff era superiormente supervisado pelo judeu Joseph "Doc" Stacher, que tinha sido o patrão do Sindicato que controlava os portos de New York - por onde se processava cerca de 50 por cento das cargas e descargas em todo o país. Mais tarde também exilado em Israel, foi ele que forneceu a Uri Dan a maior parte dos pormenores relatados no livro.)
O Governo americano ficou alarmado quando agentes secretos relataram que Batista se estava a deslocar ainda mais para a esquerda e Lansky foi abordado pelos seus amigos dos serviços secretos da Marinha – “A certa altura foi-me dito que o próprio presidente Roosevelt tinha pedido aos Serviços Secretos para falarem comigo, convencendo-me a conversar com Batista acerca deste assunto” – conta Lansky – o agente da Marinha disse claramente que o Governo americano não permitiria que Batista continuasse a mandar na ilha, se houvesse qualquer perigo de ele se tornar pró-comunista. Expliquei isto ao meu amigo Batista que se mostrou muito relutante em sair da politica. Para o consolar disse que a nossa amizade se manteria. Quando a guerra terminasse, voltariamos a fazer com que Havana fosse o principal centro de jogo para os americanos e que lhe dariamos sempre a sua parte. Batista percebeu que não havia qualquer vantagem em entrar em conflito com o Governo americano. Tenho a certeza que nesta altura os Estados Unidos não teriam hesitado em invadir a ilha, se Washington pensasse que os comunistas tinham qualquer hipótese de chegar ao Poder. Quando os tipos dos serviços secretos me disseram que o Governo americano não permitiria, em quaisquer circunstâncias, que ele continuasse a ser presidente depois das eleições de 1944 e que eu tinha de lhe dar conhecimento disto, percebi que o assunto era extremamente sério. A minha opinião de que Batista era ferozmente anticomunista não teve qualquer peso.
Relatei tudo isto a Lucky Luciano. Não há razão nenhuma para que não venhas viver para Havana. Pouco depois Luciano, que entretando operava a partir do Hotel Excelsior em Nápoles causando repetidos problemas diplomáticos ao governo de Roma recebeu um telegrama de Lansky dizendo-lhe simplesmente: Vem ter comigo ao Hotel Nacional. A mensagem era clara. Meyer tinha-lhe preparado o caminho. Para que o antigo chefe (visivel) da Máfia voltasse a assumir o seu antigo papel na América”. A partir de Cuba.
