a cavaqueira do Medina Carreira
Política

a cavaqueira do Medina Carreira


"meus caros meninos! estive a ouvir atentamente
o meu ex-ministro das Finanças e creio
que esta é outra das mesmas histórias de sempre:
quem vai pagar os juros, mais uma vez, são vocês"

algumas previsiveis intenções e equívocos, seguidas das imprecisões sacanas do ex-ministro: o discurso deste homem coincide hoje exactamente com aquilo que as forças radicais, diabolizadas como sendo de "extrema-esquerda" andam a dizer desde o advento do triunfo do neoconservadorismo bushista há 8 anos. Medina Carreira, depois da cavaquização do Partido de J.Sócrates (por via da "eleição do directório à americana") advoga agora veladamente a "sarkozização" do Cavaco. Essa espécie de manequim imperialista demodée que se exibe na montra da Presidência encenada há 3 anos, primeiro serviu-se do "eu não me conformo com esta situação" (2005) para caçar os votos do senso comum (ou, dito de outro modo, ao "estúpido colectivo") e agora dirige-se estoicamente aos perplexos excluídos de dedo em riste carpindo-se (frontalidade disseram eles) que "eu não tenho solução" (óbvio, "nem Jesus Cristo teria soluções").

O "spinner" Medina é mais puta que os bordéis partidários de que se queixa todos juntos
, e nós, os do zé-povinho, estamos ardilosamente enfiados num beco sem saída. Se as eleições fossem hoje "provavelmente não iria votar" diz Medina; e uma abstenção em grande escala serviria a Cavaco para tomar as rédeas de um governo autoritário de iniciativa presidencial (uma espécie de salazar salvador das finanças da pátria, reloaded); e quem, ainda assim achar que o homem é maluco e tencione na mesma votar, vota maioritariamente nos mesmos dois partidos e clientelas que arrastaram o país para a presente situação (o pagamento de juros "que não se sabe bem para onde vão"). Cavaco e o big game dos falcões do Pentágono, Sócrates&Ferreira Leite ou outros quaisquer avatares da alternância. Isto é, uma garantia de que tudo pode mudar mantendo os mesmos figurantes sem que nada mude (cumpre-se o princípio de Don Fabrizio de Salina), ou como diria o Octávio Machado: "vocês sabem muito bem do que é que eu estou a falar"!

para quem não viu, aqui fica: o Crespo e o Crispado



ps. uma curiosidade no gráfico do PIB exibido que não é mencionada por Medina Carreira (diz concretamente "não percebo bem porquê"(...) é a súbita subida do valor na década de 1920: ficou a dever-se aos investimentos internacionais (empréstimos que pagam juros) para a reconstrução da Europa depois da 1ª Grande Guerra. Nem depois à súbita queda no final década de 1930 para 1940 (diz Medina: "talvez fosse a guerra civil espanhola, não sei" (1) - na verdade a queda ficou a dever-se à crise que se seguiu à Grande Depressão iniciada em 1929 e da qual só se saiu pelos investimentos industriais militares na 2ª Grande Guerra.

(1) ver Jacques Sapir: "Ignorantes ou Falsários?"
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