a Grande Depressão (II)
Política

a Grande Depressão (II)


Desde o rebentamento da bolha do imobiliário em Agosto de 2007 nos EUA os valores transacionados em imóveis em todo o mundo ocidental caíram para cerca de metade; e pela falta de procura, o valor do imobiliário continua a cair. A partir daí os investimentos do capital especulativo centraram-se nos sectores da Energia onde o controlo e garantia dos Estados é muito mais efectivo (a UE vai fazer queixa de Portugal por deter “golden shares” em várias empresas fulcrais nessa área, nomeadamente a EDP, o que dificulta a entrada desses capitais estrangeiros).
Com a paisagem financeira debaixo da mais dramática transformação desde a Grande Depressão, a Morgan Stanley salvou o Banco americano Washington Mutual e a maior empresa britânica de crédito hipotecário, a HBOS. Mas os critérios não são iguais para todos: a Merryl Lynch foi adquirida pelo Bank of America porque a sua estrutura é a de empregados-accionistas. Depois da falência da Lehman Brothers, cuja “carcassa” foi comprada, expurgada dos prejuizos, pelo Barclays a preço de saldo) os jornais noticiavam na terça feira que “eram precisos uns irrisórios 80 mil milhões para poupar a banca mundial. No dia seguinte o BCE “fabricava” mais 300.000 milhões e a FED americana, num extraordinário golpe acudia com 85 biliões para salvar (no fim de 2007 as acções valiam 58 dólares, ontem a Bolsa cotava-as a 1,25 dólares) o “American International Group Inc.” (AIG) do colapso, valor que no entanto só cobre 80% da liquidez ficando os donos do dinheiro com o direito de veto a quaisquer eventuais pagamentos aos accionistas. Esta monumental destruição de activos (como Marx previu 150 anos atrás e se confirma a cada crise capitalista) e a concentração dos capitais monopolistas em torno da FED americana lesa milhões de pequenos investidores em todo o mundo e toda a “cadeia alimentar proletária” a jusante. Por outro lado, a subsquente crise de consumo e falta de procura tem o efeito perverso de fazer baixar os preços do petróleo (menos 40% nos últimos 2 meses) – destruindo também as gananciosas mais valias com que os neocons contavam para financiar as empreitadas de guerra. Obviamente, as multinacionais que contrataram em 2001 a “Cheney Energy Task Force” com a administração Bush não podem baixar os preços dos combustíveis no consumidor. (por mais que estes estrebuchem, o que é salutar para ajudar a destruir a peçonha, mas, esperem pela pancada que não tardará muito que o preço do petróleo tome balanço e suba novamente).

Ben Bernanke afirmou ontem taxativamente: “Perdemos o controlo da situação” – e o próconsul europeu Almunia hoje de manhã disfarçou o discurso: “a crise é estrutural e não tem fim à vista; a “Europa” não vai ficar imune”, avisou no final da reunião onde a FED, o BCE, o Banco Central de Inglaterra e os Bancos Centrais do Canadá, do Japão e da Suiça resolveram injectar, numa operação conjunta, mais 180 mil milhões – mas ao fim da manhã os noticiários referiam já 430 mil milhões.
Imagine-se um mercado onde só houvesse bananas, supunhamos 1 milhão de bananas, e onde o capital global fosse também de 1 milhão de dólares – se se injectaram nestes últimos tempos triliões fabricados pelos Bancos Centrais (como é evidente, o preço do dinheiro não pára de subir) imagine-se quanto vai passar a custar cada banana. Serão os ricos que pagam a crise?

Coadjuvando o editorialista “vêm aí mais falências, mas não o fim do mundo”, o “estoriador” Rui Ramos diz que esta nova concentração capitalista especulativa “é o mercado que está a corrigir-se. E a intervenção do Estado (do género a que o Tesouro Americano finalmente se escusou no caso da Lehman Brothers) é desejada ou exigida precisamente para evitar essa correcção. A fim de poupar os “ricos”? Não: a fim de poupar os “pobres” que se habituaram a viver acima das sua possibilidades” (sic, fim de citação). O artigo, ontem no Público pag.33, é bem maior, mas repare-se só quantas aldrabices se contam apenas nestas 4 linhas
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