a Memória dos Povos não devia ser curta…
Política

a Memória dos Povos não devia ser curta…


Em 1953, há menos de 60 anos - apenas uma geração - a Alemanha pró-judaica de Konrad Adenauer entrou em bancarrota, ou seja, ficou sem dinheiro para fazer mover a actividade económica do país. Tal qual como acontece actualmente com a Grécia, desde 2008. Por incrível que pareça, menos de uma década depois da Grécia ter sido invadida e brutalmente ocupada pelas tropas nazis, Atenas aceitou participar no esforço internacional para tirar a Alemanha da terrível situação de falência em que se encontrava

A Alemanha negociou então os 16 mil milhões de marcos em dívidas de 1920 que tinham entrado em incumprimento na década de 30 após o colapso da bolsa em Wall Street em 1929. Esse dinheiro tinha-lhe sido emprestado pelos EUA, pela França e pelo Reino Unido. Outros 16 mil milhões de marcos diziam respeito a empréstimos dos EUA no pós-guerra, no âmbito do Acordo de Londres sobre as Dívidas Alemãs (LDA) nesse mesmo ano de 1953. O total a pagar foi reduzido 50%, para cerca de 15 mil milhões de marcos, por um período de 30 anos, o que não teve quase impacto no crescimento da economia alemã, a qual desde 1945 renasceu com pujança da destruição total provocada pelos aliados que lhes haviam de emprestar o dinheiro para a reconstrução. A troco de quê?

As dívidas alemãs correspondiam assim aos períodos anterior e posterior à Segunda Guerra Mundial. Algumas decorriam do esforço de reparações de guerra e outras de empréstimos gigantescos norte-americanos ao governo e às empresas.O resgate alemão foi feito por um conjunto de países que incluíam a Grécia, a Bélgica, o Canadá, Ceilão, a Dinamarca, França, o Irão, a Irlanda, a Itália, o Liechtenstein, o Luxemburgo, a Noruega, o Paquistão, a Espanha, a Suécia, a Suíça, a África do Sul, o Reino Unido, a Irlanda do Norte, os EUA e a Jugoslávia. Durante 20 anos, como recorda esse acordo, Berlim não honrou qualquer pagamento da dívida.
Ora os custos monetários da ocupação alemã da Grécia foram estimados em 162 mil milhões de euros, sem juros. Após a guerra, a Alemanha ficou de compensar a Grécia por perdas de navios bombardeados ou capturados, durante o período de neutralidade, pelos danos causados à economia grega, e pagar compensações às vítimas do exército alemão de ocupação. As vítimas gregas foram mais de um milhão de pessoas (38 960 executadas por julgamentos sumários militares, 12 mil civis abatidos, 70 mil mortos no campo de batalha, 105 mil em campos de concentração na Alemanha, e 600 mil que pereceram de fome). Além disso, as hordas nazis roubaram tesouros arqueológicos gregos de valor incalculável.

Qual foi a reacção da direita parlamentar alemã aos actuais problemas financeiros da Grécia?

Segundo deputados conservadores da Alemanha (da CDU, Josef Schlarmann e Frank Schaeffler, do partido da chanceler Merkel), que se arvoraram em porta-vozes dos credores da banca alemã, a Grécia devia considerar vender terras, edifícios históricos e objectos de arte para reduzir a sua dívida. Além de tomar as medidas de austeridade impostas, como cortes no sector público e congelamento de pensões, os gregos deviam vender algumas ilhas do mar Egeu, ou privatizar o Partenon. "Os que estão insolventes devem vender o que possuem para pagar aos seus credores", disseram ao jornal "Bild". Depois disso, surgiu no seio do executivo a ideia peregrina de pôr um comissário europeu a fiscalizar permanentemente as contas gregas em Atenas. Mas a Grécia não esquece que a Alemanha deve a sua prosperidade económica a outros países

O historiador de economia Albrecht Ritschl, da London School of Economics, recordou recentemente à "Spiegel" que a Alemanha foi o país mais endividado do século XX. O economista destaca que a insolvência germânica dos anos 30 faz a dívida grega de hoje parecer insignificante - "Foi apenas graças aos Estados Unidos, que injectaram quantias enormes de dinheiro após a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, que a Alemanha se tornou financeiramente estável e hoje detém o estatuto de locomotiva da Europa. Esse facto, lamentavelmente, parece esquecido", sublinha Ritsch - a Alemanha desencadeou duas guerras mundiais, a segunda de aniquilação e extermínio, e depois os seus "inimigos" (depois da guerra aliados) perdoaram-lhe totalmente o pagamento das reparações ou renegociaram-nas. Poder-se-ia sugerir que fosse feita e actualizada a contabilidade das dívidas alemãs à Grécia para que destas se desconte o que a Grécia deve actualmente. Mas porque é que isso não pode ser feito? Porque as ambições imperialistas da Alemanha não desapareceram como por um golpe de magia, foram mantidas incólumes e até reforçadas pela ajuda do Plano Marshall, transformando o país num baluarte de controlo económico dos povos da Europa, onde se alimenta actualmente o IV Reich, o imperialismo norte americano para sair da crise que eles mesmo provocaram.
(adaptado do site TrezaRodo)
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