A rejeição a Ellen Gracie na OMC
Política

A rejeição a Ellen Gracie na OMC


Diplomacia sem resultados

A OMC não caiu no conto de Amorim de que ser ignorante 
em um assunto é uma vantagem e Ellen Gracie foi derrotada

Ana Araujo
FALTAVA EXPERIÊNCIA
A ministra Ellen: sem traquejo em comércio exterior, a candidatura não vingou

No afã de servir aos desejos explícitos e aos apenas imaginados do presidente Lula, que ele trata de "nosso líder", Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil, tem arriscado a reputação da excelente diplomacia brasileira. É uma estranha e incômoda situação. O Itamaraty e as Forças Armadas brasileiras têm dado ao longo das últimas décadas as mais cabais demonstrações de serem uma espécie de "burocracias de último recurso" do país, ou seja, celeiros de competência, dedicação e inteligência com os quais os governos podem contar quando essas qualidades se fazem mais necessárias. Diplomatas e militares têm fornecido os quadros mais preparados dos governos desde a redemocratização, em 1985. Nesse contexto, parece difícil entender os desacertos recentes do Itamaraty. Não é. Eles são fruto da aplicação ao pé da letra por Amorim das piores formulações ideológicas da casa do barão do Rio Branco e da excessiva servidão do chanceler Amorim a quem ele chama de "nosso líder". Em uma reportagem desta edição sobre a influência brasileira em El Salvador(veja reportagem), relata-se como uma diplomacia de resultados positivos está sendo levada a cabo – sem diplomatas.

"Em diplomacia há dois riscos principais que têm de ser evitados. O primeiro é subestimar o potencial do seu país e ficar na inércia. O segundo é superestimar esse potencial e cair na insensatez", diz Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores. A frase de Lafer contém um ensinamento básico das relações entre os países e até entre as pessoas. Não por acaso, os diplomatas são excelentes avaliadores de suas próprias possibilidades e das dos outros e, com base nisso, calibram suas ações. Foi tudo o que faltou – além de sorte – na indicação de um embaixador brasileiro, Arnaldo Carrilho, para a Coreia do Norte. Pouco antes da chegada do representante brasileiro, a Coreia do Norte decidiu se tornar o único país a detonar uma bomba atômica neste século. Adiaram-se os planos para a instalação de Carrilho.

Wilton Junior/AE
VOO CANCELADO O diplomata Carrilho: embaixada inoportuna na Coreia do Norte

Foi ridícula também a candidatura da ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal, a uma cadeira no Órgão de Apelação da Organização Mundial do Comércio (OMC). A brilhante biografia e a atuação de Ellen Gracie na corte constitucional brasileira não ficaram arranhadas com sua derrota. Mas a maneira como o Itamaraty conduziu sua campanha constitui uma das iniciativas mais toscas da diplomacia brasileira. Para começo de conversa, quis viabilizar a candidatura de Ellen Gracie alardeando justamente sua inexperiência no julgamento de causas internacionais envolvendo o comércio. Não é preciso ser um experiente psicanalista para ver nessa atitude – além da evidente tentativa de enganar o público pagante – a intenção de agradar ao "nosso líder" com a reafirmação internacional da noção temerária de que não é preciso ter estudado, exibir diplomas nem ter o hábito de ler para se sair bem em qualquer cargo. Funcionou com Lula na Presidência do Brasil. Mas extrair disso uma lei universal é subestimar a inteligência do próximo.




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