por Conceição Lemes - Viomundo
O senador Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência da República, adora posar na grande mídia como defensor da liberdade de expressão.
A sua prática, porém, é outra. O caso mais emblemático da sua real postura é o do jornalista Marco Aurélio Carone, do Novo Jornal, preso em Belo Horizonte (MG), desde janeiro.
“O Carone é um preso político”, denuncia o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG). “O inquérito contra jornalista é fantasioso, peça de ficção.”
Segundo Carone, foi-lhe feita oferta de delação premiada em Minas em troca de acusações a Fernando Pimentel, na época ministro do governo Dilma.
A relação entre Pimentel e Aécio começou a azedar, quando o tucano se colocou como candidato à presidência da República contra Dilma. E desandou de vez com disposição de Pimentel, nas eleições de 2014, ser o candidato do PT ao Palácio da Liberdade, ocupado há 16 anos pelo PSDB.
Na lista de “incriminados”, também estariam, entre outros:
Rogério Correia, deputado estadual, líder do PT na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALEMG).
Durval Ângelo (PT), deputado estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALEMG.
Sávio de Souza Cruz (PMDB), deputado estadual, líder da oposição na ALEMG.
Protógenes Queiroz, deputado federal (PCdoB-SP) e delegado licenciado da Polícia Federal (PF).
Luís Flávio Zampronha, delegado da PF, responsável pelo relatório do mensalão tucano.
William Santos, advogado, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil– seção Minas (OAB-MG).
Agora, o alvo de Aécio são as redes sociais. Ele está processando 66 tuiteiros.
Na ação, o tucano diz que eles formam “uma rede virtual de disseminação de mentiras e ofensas contra o Autor, o que sugere uma atuação orquestrada, quiçá paga, para detrair sua honra, nome e história”.
Deu prazo de 48 horas para que o Twitter força os dados cadastrais e eletrônicos dos 66.
Entre os processados estão o Blog do Mello, de Antonio Mello, o Diário do Centro do Mundo, cujo editor é Paulo Nogueira, e o Blog do Miro, do Altamiro Borges.
Para o Miro, a atitude de Aécio não foi surpresa:
“O Aécio vive posando por aí de defensor da liberdade de expressão. Diz diante dos holofotes que a regulamentação dos meios é censura”.
“Só que todo mundo sabe que ele um grande censor. É só acompanhar a história da imprensa em Minas Gerais. É uma imprensa totalmente controlada por ele e pela irmã Andrea Neves. Os jornalistas têm a cabeça pedida por telefonema”.
“O Aécio é um oligarca de Minas. Um senhor de escravos de Minas.O processo contra os 66 tuiteiros retrata o jeito truculento de Aécio agir. Comprova que ele é um grande censor”.
“O Aécio não aceita críticas. Ele gosta muito da companhia da midiazona que não foi atrás dos ‘aecipoportos’, por exemplo. Ele detesta que fiquem lembrando dos aecioportos”.
“Outro motivo para estar nervosinho, esperneando, são as pesquisas eleitorais. Ele, que achava que iria o segundo turno, está correndo o risco de perder até em Minas Gerais”
A lista dos 66 tuiteiros processados está abaixo. Ao final, a íntegra da ação obtida por Conceição Oliveira, a Maria Frô, e publicada pelo Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim.
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