Angola no pântano da Corrupção Global ( I )
Política

Angola no pântano da Corrupção Global ( I )



Dentro de duas semanas a Justiça Francesa tomará a decisão de iniciar o julgamento do processo conhecido por “ANGOLAGATE”, ou de pura e simplesmente o mandar arquivar.
A Corrupção não é um problema local nem específico de Angola. A história deste caso é a história da apropriação pelas élites dirigentes do Ocidente, dos recursos e das riquezas dos povos.
"O verdadeiro mistério do mundo é o visivel, não o invisível"
Oscar Wilde

Antecedentes
Em Angola, a corrupção moderna começa com o inicio das lutas pela independência em 1961, quase em simultâneo com o inicio da exploração de importantes reservas de Petróleo por empresas ocidentais.Aproveitando a divisão ancestral entre as duas principais etnias de Angola, (Quimbundos a norte e Umbundos a sul) as duas superpotências financiam e instrumentalizam dois Movimentos de Libertação que iniciam a luta armada contra o Colonialismo português: o MPLA pró-URSS e a FNLA/UNITA pró-americanas (os próprios americanos na pessoa de Donald McHenry iriam ajudar à evasão de Agostinho Neto da prisão portuguesa onde se encontrava). Esgotado (e boicotado) pela impossibilidade económica de fazer frente às duas superpotências, Portugal acabará por soçobrar com o golpe militar de 25 de Abril de 1974, sendo forçado a conceder uma apressada e incondicional “independência” a Angola num processo atabalhoado sem capacidade de prevenir quaisquer exploração neocolonial rentável nesse futuro imediato.

Com a independência, a luta entre as duas superpotências pelos recursos de Angola intensifica-se e irá precipitar o país numa guerra fraticida que durará 30 anos. Com a falência do regime soviético e o fim dos seus subsídios à guerra, a correlação de forças muda: Luanda passa num ápice do "Afro-“comunismo” para o Capitalismo Selvagem. Das lutas internas pelo Poder emerge o futuro Presidente José Eduardo dos Santos e nº 2 do MPLA, um engenheiro formado na Indústria do Petróleo na ex-URSS. Por essa época, Luanda e os poços de Petróleo são bunkers fortificados contra um verdadeiro processo de emancipação politica do povo angolano. Nas décadas de 80/90 passando pela revolta (trotskysta) de Nito Alves, o envolvimento Cubano e o falhado processo Eleitoral (1992), reacende-se a guerra que será o inicio do progressivamente provocado declínio da Unita. O Imperialismo americano assume o financiamento e o apoio declarado ao regime do MPLA instalado em Luanda. Os testemunos sobre a corrupção começam cerca do ano 2000 e prosseguirão após o assassínio do dirigente da oposição Jonas Savimbi, a rendição incondicional da Unita e o fim da guerra.
Simon Taylor da “Global Whitness” noticia que “ o dinheiro do petróleo, que suportava 87 por cento dos gastos com a guerra, parece ter desaparecido num "buraco negro" entre a companhia petrolífera estatal Sonangol, o Tesouro e a Presidência” e a Reuters dava uma noticia na qual especificava que 1,5 mil milhões de dólares das receitas do petróleo, cerca de um terço dos rendimentos totais de Angola (três a cinco mil milhões de dólares), tinham desaparecido no ano transacto. Marinela Cerqueira, por sua vez, questionará a gestão da “DÍVIDA ANGOLANA” fazendo perguntas difíceis sobre os negócios obscuros em Angola, milhares de crianças esfomeadas, e biliões de dólares desaparecidos.
Uma das (BIG 7) principais Petrolíferas que actuam em Angola é a Francesa ELF, o que irá dar azo à publicação na Revista mensal LE MONDE 2, de diversos escândalos da politica francesa em África. Em “Os homens do Angolagate” os autores traçam, com muitos pormenores, a história das relações entre o milionário franco-brasileiro Pierre-Joseph Falcone e o homem de negócios de origem RUSSA Arcadi Gaydamak, e a forma como, através da venda de armas primeiro e depois com “investimentos” em todos os sectores estratégicos da economia angolana, os dois fora construindo um “Estado dentro do Estado” no país de José Eduardo dos Santos. Nomes incontornáveis desta história são também o filho do antigo Presidente francês François Mitterrand, Jean-Christophe Mitterrand, conselheiro para África junto do Eliseu de 1986 a 1992 e hoje a “vedeta mediática” de todo este escândalo. E ainda Elísio de Figueiredo, embaixador angolano em Paris de 1989 a 1992, e que no ano seguinte se mantinha na capital francesa, a pedido de Eduardo dos Santos, como uma espécie de “embaixador itinerante” para os negócios petrolíferos, com funções paralelas à do embaixador oficial de Angola. Dessa época é a aquisição das mansões de José Eduardo dos Santos em Nice na Cote-d`Azur.
O “Angolagate” é um caso referente à petrolífera ELF. Das outras companhias que mantêm explorações em Angola, nenhum outro escândalo foi tornado público, não sendo porém difícil de aceitar que os procedimentos sejam os mesmos, certo é que os altos dirigentes angolanos indiciados neste processo, tinham em França a alcunha de “os senhores 20 e 30 por cento”.
(continua)



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