As bestas humanas dos EUA "tinham que mostrar força ao mundo", testando as bombas em Hiroshima e Nagasaki.
Política

As bestas humanas dos EUA "tinham que mostrar força ao mundo", testando as bombas em Hiroshima e Nagasaki.


Quando é que os EUA pedirão perdão ao mundo pelos atos terroristas, pelas invasões de países soberanos na América Latina e no mundo? Tenho certeza que o mundo jamais terá país quando tivermos uma potência sobrepujando o mundo através das armas de destruição em massas. 

E só lamento que o Japão não tenha aprendido a lição nuclear. E novamente o povo japonês e o próprio planeta passam uma ameaça nuclear. 


De Nagasaki a Fukushima: as tragédias atômicas do Japão



“O segredo, uma vez aceito, converte-se em vício”. Essas palavras poderiam ser usadas para descrever a administração da catástrofe nuclear pelo governo japonês, mas elas foram pronunciadas pelo cientista nuclear Edward Teller, um dos principais responsáveis pela criação das duas primeiras bombas atômicas. A bomba de urânio denominada “Little Boy” foi lançada no dia 6 de agosto de 1945 sobre a cidade de Hiroshima, Japão. “Parece que tudo o que é tocado pelas armas nucleares ou pela energia nuclear provoca ocultamento e perigo para o público”, diz o escritor Greg Mitchell.

Amy Goodman
Carta Maior 


Os níveis de radiação nos reatores nucleares de Fukushima, no Japão, aumentaram nas últimas semanas, alcançando níveis registrados de até 10.000 milisieverts (mSv) por hora em um mesmo lugar. Este foi o nível máximo informado pela Companhia Elétrica de Tóquio (TEPCO), a desprestigiada empresa proprietária da central nuclear, ainda que esse número seja o máximo medido pelo Contador Geiger. Em outras palavras, os níveis de radiação literalmente ultrapassam todas as medições.

A exposição a 10.000 milisieverts durante um curto período de tempo tem consequências fatais, provocando a morte em poucas semanas. (A título de comparação, a radiação total de uma radiografia dentária é de 0,005 mSv, e a de uma tomografia computadorizada do cérebro é de 5). O New York Times informou que, após o desastre, funcionários do governo japonês ocultaram os prognósticos oficiais sobre a direção da chuva radioativa por causa do vento e do clima, para evitar a custosa evacuação de centenas de milhares de habitantes.

“O segredo, uma vez aceito, converte-se em vício”. Essas palavras poderiam ser usadas para descrever a administração da catástrofe nuclear pelo governo japonês, mas elas foram pronunciadas pelo cientista nuclear Edward Teller, um dos principais responsáveis pela criação das duas primeiras bombas atômicas. A bomba de urânio denominada “Little Boy” foi lançada no dia 6 de agosto de 1945 sobre a cidade de Hiroshima, Japão.

Três dias mais tarde foi lançada a segunda bomba, de plutônio desta vez e denominada “Fat Man”, sobre a cidade de Nagasaki. Por volta de 250 mil pessoas morreram por causa das explosões e de seus efeitos imediatos.

Ninguém sabe com exatidão a quantidade de pessoas que morreram ou padeceram de enfermidades nos anos seguintes às explosões, desde as dolorosas queimaduras que atingiram milhares de sobreviventes até os efeitos tardios como enfermidades provocadas pela radiação e câncer.

A história dos bombardeios sobre Hiroshima e Nagasaki é, em si mesma, a história da censura e da propaganda militar estadunidense. Além das filmagens que foram escondidas, as forças armadas impediram o acesso de jornalistas às zonas das explosões. Quando o jornalista vencedor do Prêmio Pulitzer, George Weller, conseguiu entrar em Nagasaki, seu artigo foi pessoalmente censurado pelo general Douglas MacArthur. O jornalista australiano Wildred Burchett conseguiu entrar em Hiroshima logo depois das explosões e, dali, escreveu sua famosa “advertência ao mundo”, na qual descreveu a propagação massiva de enfermidades como uma praga atômica. Mas as forças armadas estadunidenses criaram a sua própria praga. William Laurence, jornalista do New York Times, também era empregado do Departamento de Guerra. Laurence informou fielmente a posição do governo estadunidense, insistindo em que os “japoneses descreviam sintomas que não pareciam verdadeiros”. Lamentavelmente, ganhou o Prêmio Pulitzer por sua propaganda.

Greg Mitchell escreveu sobre a história e as sequelas de Hiroshima e Nagasaki durante décadas. Neste novo aniversário do bombardeio a Nagasaki, perguntei a Mitchell acerca de seu mais recente livro “Encobrimento atômico: Dois soldados estadunidenses, Hiroshima e Nagasaki, e o melhor filme jamais realizado”.

“Parece que tudo o que é tocado pelas armas nucleares ou pela energia nuclear provoca ocultamento e perigo para o público”. Mitchell disse que, durante anos buscou imagens filmadas pelas forças armadas estadunidenses nos meses posteriores ao lançamento das bombas; foi atrás dos envelhecidos realizadores cinematográficos e, apesar de décadas de classificação de documentos por parte do governo, foi um dos jornalistas que tornou públicos os incríveis arquivos cinematográficos coloridos. Como parte do Informe sobre Bombardeios Estratégicos dos Estados Unidos, as equipes de filmagem documentaram não só a devastação das cidades, mas também produziram uma documentação clínica, registrando de perto as graves queimaduras e as feridas desfiguradoras sofridas por civis, entre eles muitas crianças.

Em uma cena, se vê um homem jovem com feridas em carne viva em todas as suas costas, enquanto recebe tratamento. Apesar das graves queimaduras e de ter sido tratado meses mais tarde, o homem sobreviveu. Sumiteru Taniguchi, hoje com 82 anos de idade, é diretor do Conselho de Pessoas Afetadas pela Bomba Atômica de Nagasaki. Mitchell achou comentários recentes de Taniguchi em um jornal japonês que vinculam a bomba atômica com o atual desastre de Fukushima:

“A energia nuclear e o ser humano não podem coexistir. Nós, os sobreviventes da bomba atômica, sempre dissemos isso. E, no entanto, o uso da energia nuclear foi disfarçado de “pacífico” e continuou avançando. Nunca se sabe quando haverá um desastre natural. Não é possível dizer que nunca haverá um acidente nuclear”.

Nesta dolorosa fusão de novos e velhos desastres, deveríamos escutar as vítimas sobreviventes de ambas as catástrofes.

(*) Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna.

(**) Tradução: Katarina Peixoto



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