15/07/2010
Direto ao PontoDepois da história da menina de bom coração que rasgava dinheiro quando encontrava um menino de olhos tristes, a biografia oficial da sucessora que Lula inventou, publicada no site da candidata, estaciona na mocidade de Dilma Rousseff. O anônimo narrador da saga, cujo estilo denuncia a influência de novelistas mexicanos e colunistas sociais panamenhos, chega a um grande momento localizado na difusa fronteira que separa “a adolescência e a juventude”. O sempre atento Celso Arnaldo chega junto:
“A adolescência e a juventude são temperadas com literatura, cineclube e discussões políticas nos bares onde o petisco preferido dos rapazes e moças sem dinheiro no bolso é farinha com molho inglês a palito”.
Depois do trauma da nota rasgada, da qual só se recuperaria quando passou a ganhar 73 mil reais por mês, inteirinhos, para presidir uma vez por mês o Conselho da Petrobras, a biografia oficial de Dilma a surpreende, na companhia de rapazes e moças de olhos politizados, comendo farinha com palito.
Das duas uma: farinha grossa ou palito fino. Começava aí a fase radical de Dilma Rousseff.
De novo, não resisto à tentação da carona: a fase foi tão radical que, como registra o biógrafo, Dilma guardava no bolso os trocados que conseguia. No bolso, como os demais “rapazes e moças sem dinheiro”. Hoje prefere bolsas de grife. E a bolada que ganha por mês não caberia numa só.