BR-101 fechada: Um dia de cão
Política

BR-101 fechada: Um dia de cão


Parafraseando o jornalista e blogueiro Ricardo André Vanconcelos, eu penso que a manifestação de ontem na BR-101 pela manutenção dos royalties do petróleo passou dos limites. Digo isso com total confiança, pois vivi de perto o drama de quem ficou parado na estrada por longas horas. Estava na capital participando de compromissos profissionais e preparando meu retorno à planície quando vi no noticiário local antes das 8h da manhã que a estrada estava fechada. Já percebendo que o dia seria longo, resolvi então atrasar minha saída da Rodoviária Novo Rio, tentando assim chegar à Campos com o protesto terminado. Ledo engano.
Antes de embarcar de volta, entrei em uma lan house na rodoviária e fiquei por dentro do que se passava na estrada. Informei ao motorista que BR-101 estava fechada e sem previsão de abertura. Os funcionários da 1001 ainda não sabiam do acontecido e alertei alguns passageiros também. O ônibus partiu e na parada em Niterói uma passageira desistiu da viagem, após confirmar o fato com parentes. Seguimos viagem e somente na parada do Oásis o motorista se deu por vencido e avisou aos demais passageiros. A partir daquele momento fomos informados que a 1001 no Rio já cancelava algumas saídas, até porque era notória a falta de trânsito no sentido contrário. Depois disso, vários passageiros já temiam pelo pior, já que familiares davam notícias via celular. Para piorar a situação o ônibus quebrou na altura da termoelétrica, no antigo brejo da Severina. Para espanto geral, o motorista tentava contornar o problema sendo ajudado por um mecânico da empresa, isso tudo ao celular. Só depois de longa espera e pressionado pelos passageiros, pediu a vinda de um outro ônibus. Nesse meio tempo, um outro carro da empresa que vinha do Rio no horário seguinte ao nosso, deu carona a alguns passageiros, entre eles, esse blogueiro. O restante ficou a espera do socorro.
Segui viagem e procurava me informar sobre os acontecimentos com alguns familiares e com nossos editores Celso Vaz e Gervásio Neto. Todos eram unânimes em afirmar que o protesto não tinha hora para acabar. Chegando na entrada para Lagoa de Cima, em Caxeta, a fila de caminhões era a senha de que ali era o ponto onde começaria mais uma dor de cabeça. Tudo parado. Depois de alguns minutos de espera, resolvi juntamente com outro intrépido jovem passageiro arriscar uma caminhada até a estrada dos ceramistas, onde poderíamos arrumar uma carona. Minha preocupação era o cair da noite, onde o risco de assaltos seria eminente. Munido de um certo espírito aventureiro e querendo "queimar" os quilos extras, fomos estrada afora. Pessoas idosas e enfermas eram as que mais iam sofrer naquela situação e não tinham a mesma sorte que nós em poder encarar a empreitada. O ar-condicionado do ônibus não estava lá essas coisas. Todos nos desejaram boa sorte antes da saída. Retribuí o carinho, pois sabia que eles também precisariam, pois a espera seria longa. Eram 16h45. Depois de mais de 30 minutos de caminhada, passamos em frente ao Posto Flexa, onde mais um se juntou a nós. Segundo ele, esperava que algum "maluco" passasse para também tomar coragem. "Estava esperando algum maluco passar aqui para tomar coragem e ir também. Passaram dois, vou com vocês. Estou aqui desde 10 da manhã". Entre um papo e outro sobre os royalties, íamos falando sobre música, trabalho, situações do cotidiano, etc. E o "time" ainda não estava completo. Mais alguns minutos de caminhada e passamos pelo posto da Polícia Rodoviária Federal, onde mais um "maluco" nos esperava. "Posso ir com vocês", pediu o mineiro com sotaque característico.
Seguimos então rumo ao "movimento", sem antes parar para comprarmos água mineral, levemente inflacionada pela paralisação. Uma garrafa de 500 ml estava sendo vendida a 2 Reais. "Você ainda está com sorte. Mais cedo estava mais caro", disse o vendedor sem nenhum constrangimento.
Pelo caminho, a revolta era geral. Na maioria caminhoneiros que tinham hora para chegar ao destino. Todos inconformados com os prejuízos. Alguns com cargas valiosas já contavam com escolta armada. Já ônibus e carros pequenos que não conseguiram mudar a rota, ficaram mais atrás, no Posto Flexa, onde podiam contar com um pouco mais de conforto. Ao passarmos pelo protesto, a prefeita de Campos iniciava seu discurso final. Não demos muita bola, até porque estávamos ávidos em chegar ao destino. Mais alguns passos e encontramos a estrada dos ceramistas, onde um bondoso motorista de ônibus nos deu uma carona até o Centro de Campos. Bem, para finalizar esse longo post, "eu penso que"... o tal protesto passou dos limites. Pude sentir na pele e sentir nos outros o sofrimento causado por 12h de BR-101 fechada. Idosos, enfermos, crianças de colo, profissionais com hora de chegada, enfim...todos sofreram de alguma maneira.
Posso dizer que o protesto pacífico pela manutenção dos royalties é legítimo, mas os organizadores deveriam ter um pouco mais de respeito com as pessoas, pois o que vimos foi um exagero sem limites. Existem outras formas de protestar, bem menos prejudicial a tanta gente.



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