Cabalas, Campanhas Negras e Bruxaria
Política

Cabalas, Campanhas Negras e Bruxaria


Sócrates veio ontem mais uma vez sublinhar a sua inocência e insistir na tese da “campanha negra”. É normal que o faça e não lhe resta grande alternativa senão fazê-lo (apesar de ser lamentável o lançamento deste tipo de suspeitas). Mas fará algum sentido esta tese?

Quem são os autores da “campanha negra”? A comunicação social, os tribunais portugueses, as autoridades inglesas e os opositores políticos de Sócrates? É isso? Todos em conjunto e de forma mafiosa a tentar sujar o bom nome do primeiro-ministro? Julgo que nem vale a pena responder.
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O caso Freeport está a transformar-se numa tremenda hemorragia política, não porque exista qualquer cabala mafiosa, mas sim porque em democracia os processos que envolvem responsáveis políticos têm naturalmente consequências políticas e tendem a gerar efeitos “bola de neve”. A comunicação social interessa-se por estes temas (como é normal), a oposição dificilmente deixará de beneficiar com eles (como é normal) e até outros meios disponíveis no espaço público alimentam-se e são alimentados por estes temas (a blogosfera, por exemplo).

É normal que tal suceda em democracia, onde existe liberdade de expressão, onde a comunicação social é livre, onde o conflito político é livre e onde os responsáveis políticos não estão acima da lei.
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Mas serão estes efeitos “bola-de-neve” indesejáveis em democracia? Sim e não. Sim porque, como disse, não se pode abdicar (e ainda bem que assim é) da liberdade de expressão, de imprensa ou da igualdade de todos perante a lei. E não porque um responsável político ultra-inocente pode ser apanhado no meio do efeito “bola de neve”, com todas as consequências políticas que tal acarretará.
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Em suma, apesar de muito pouco desejável, é normal que Sócrates aponte cabalas e "campanhas negras" contra o seu bom-nome. E, como é óbvio, cada um é livre de acreditar em bruxas. Pessoalmente, acho um bocadinho mais racional acreditar-se em efeitos “bola de neve” indesejáveis alimentados pela agenda política e mediática. São uma chatice, provocam o caos, devem naturalmente ser combatidos com os mecanismos do Estado de Direito, mas só são possíveis porque a democracia existe.



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