Caprichos da Natureza
Política

Caprichos da Natureza



Walnize Carvalho

Uma das vantagens de não dirigir (é meu caso) é a de sair andando a pé nas manhãs pela cidade e poder contemplar a Natureza acordando para um novo dia.
            Ora o sol nos aquecendo o corpo; ora a chuva fina e fria nos encharcando a alma...
           Sem contar, que no trajeto você se depara com cenários belos e gratuitos como: flores espiando à rua por entre as grades dos jardins; árvores apontadas para o céu, como se estivessem acariciando as nuvens; bem-te-vis nos fios elétricos nos saudando com os seus trinados; a brisa matinal  lambendo a nossa face e tantos outros, que nos impulsionam a seguir em frente...
         Outra igualmente prazerosa é a de “ser carona”. Ah!...como é bom estar sentada  confortável e despreocupada em um carro, só observando o cotidiano da cidade,buscando emoção em pequenas cenas retratadas:o casal de idosos ,que passa de mãos dadas; a criança que brinca na praça; a moça que ajuda a velhinha atravessar a rua e tantas outras ,que  nos lançam no caminho da esperança...
        E dentro deste contexto de ter oportunidade de usufruir das benesses da vida, que descrevo em palavras e as torno a crônica de hoje, uma viagem que fiz de ônibus, tempos atrás...
         Voltava de viagem.
         Acomodei-me na poltrona do ônibus.
         A cadeira ao lado estava vaga, dando-me oportunidade de alongar-me e até espreguiçar-me.
        Observei que a passageira à frente buscou um terço na bolsa e começava a rezar baixinho.
          Fechei os olhos. Certamente o soninho viria.
          Pensava na Quaresma (período que coincidia com a viagem).
          Dei um cochilo. A cortina da janela do ônibus estava entreaberta.
          Senti-me observada. E lá estão elas – árvores enfileiradas, floridas – a enfeitar a estrada. Eram as “quaresmeiras”: um espetáculo muito belo.
          Passei então a olhar com atenção aos detalhes da vaidade da  Natureza Mulher. E no meu imaginário, vislumbrei um verdadeiro Salão de Beleza Natural a céu aberto.
        Olhando à distância parecia um modo especial de arranjar os cabelos formando  penteados.
        Percebi que as trilhas feitas no chão dos morros igualavam-se a cabelos frisados.                     Mais adiante reparei, que as embaúbas brancas, assemelhavam-se a cabelos grisalhos e que os pés de eucaliptos afiguravam-se belos cabelos cacheados.
           E as cachoeiras?... faziam-me lembrar de cabelos longos e lisos!
         O mais curioso é que comparei as enormes pedreiras com cabelos raspados.
 Parecem ou não?
            E olhando as queimadas nas plantações lembrei-me de cabelos mal tinturados...
            Neste ponto, estanquei meus devaneios e  resolvi tentar dormir.
           A viagem prosseguia.
            Reabri a cortina da janela do ônibus.
           O sol como a fotografar-me  surpreendeu com um  flash em meus olhos.
           Voltei a olhar a paisagem lá fora, exatamente no momento em que a Natureza (mulher vaidosa) com sua imensa cabeleira estava coberta de adornos mil: casebres coloridos, árvores frutíferas e flores na beira da estrada...
             O ônibus  chegou ao ponto de desembarque da viagem.
              Procurei na bolsa: espelho e pente.
              Retoquei os cabelos em desalinho, pois como toda mulher, assim como a Natureza  também gosta de ser admirada.








loading...

- Olhar Sobre O Cotidiano
                                                         ...

- Olhar Sobre O Cotidiano
                                                         ...

- Olhar Sobre O Cotidiano
                                                            ...

- De Bem Com A Vida
Que me visite a simplicidade  Úrsula Avner Quero uma vida simples e pacata Amanhã não sei se ainda estarei na estrada Para que o luxo e a ambição ? Entopem as veias do coração são filhos rebeldes da ilusão Quero da vida o ar de montanha...

- Zepedágio Para Rei Momo
                                                             ...



Política








.