CELSO MING É palha no motor
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CELSO MING É palha no motor



A General Motors (GM) americana vai mal das pernas, mas acaba de desenvolver processo de produção de etanol (álcool) de celulose que considera revolucionário, como revela o presidente da filial brasileira, Jaime Ardila.



Em maio de 2008, a GM anunciou investimentos na empresa produtora de biocombustível Coskata Inc. Seu presidente, Bill Roe, mantém o volume aplicado sob sigilo, mas adianta que é o suficiente para colocar álcool de celulose no mercado a partir de 2011. Nos Estados Unidos, cerca de 20 empresas desenvolvem essa tecnologia. A anglo-holandesa Shell anunciou que está testando sua destilaria nos Estados Unidos para operar em escala comercial. E a americana Ineos Bio garante que já no ano que vem produzirá bioetanol em grande escala, a partir de todo tipo de descarte orgânico, desde resíduos agrícolas até lixo urbano.



Desde 2007, conforme foi avançado por esta coluna, a Dedini, sediada em Pirassununga, no interior de São Paulo, consegue produzir 100 litros de etanol por tonelada de bagaço de cana. Mas seu vice-presidente, José Olivério, atesta que a empresa ainda não conseguiu chegar aos 180 litros, produtividade mínima para que se torne competitivo.



No Brasil, o bioetanol se aperta entre os altos custos de produção e os baixos preços de mercado obtidos pelo álcool. O custo médio de produção do etanol comum é de US$ 0,24 por litro. O de celulose vai a US$ 0,60 por litro.



A Petrobrás avalia que o uso da celulose de bagaço de cana e outros resíduos agroindustriais aumentaria em 40% a produção de etanol no País, sem necessidade de expandir a área plantada de cana-de-açúcar. Para o Ministério de Minas e Energia, o uso de bagaço como combustível corresponde a 17,5 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep), igual a todo gás natural e óleo combustível usados no País.



Hoje, o principal obstáculo para o desenvolvimento de etanol de celulose no Brasil é de mercado. O pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA) Sérgio Torquato adverte para o risco de superprodução. Dados da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) mostram produção de 22,4 bilhões de litros de etanol no País na safra 2007/2008. O consumo foi de 22,2 bilhões de litros no Brasil, em 2008.



Se a oferta de etanol for aumentada, será inevitável queda correspondente de preços, pois o consumo ficará atrás. "A demanda só aumentará se o governo impuser maior proporção de álcool na mistura com a gasolina", diz Torquato. O problema é que hoje o álcool anidro já concorre com 25% nessa mistura. Com mais do que isso, os motores a gasolina tendem a perder eficiência.



O professor Rogerio Cerqueira Leite, pesquisador de etanol na Unicamp, admite que os Estados Unidos estejam mais avançados do que o Brasil no domínio da tecnologia. Mas lembra que o problema deles é mais grave. Aqui, a obtenção de bagaço de cana é feita no mesmo processo industrial. Nos Estados Unidos, a colheitadeira de milho não prevê a colheita da palha. Além disso, o etanol de resíduos de milho exige um processo industrial a mais do que o de bagaço de cana.



Enfim, no Brasil a segunda geração de celulose não enfrenta apenas problemas de tecnologia.



COLABOROU FILIPE DOMINGUES





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A única contribuição que a Fiat poderia dar para a Chrysler superar os problemas seria na tecnologia de produção e comercialização de carros pequenos e médios. Mas, até agora, esses produtos não tiveram mercado nos Estados Unidos.



Além disso, se a associação da Chrysler com os alemães da Daimler-Benz não deu certo e foi rompida em 2007, por que daria certo a associação com os italianos da Fiat? A propósito, em 2000 a Fiat quase foi comprada pela GM.



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