Paula Neiva
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CONCORRÊNCIA DESLEAL Loja de tapetes no Irã: os comerciantes comemoram a apreensão de teares na província chinesa de Xinjiang |
Nem só de bolsas Louis Vuitton e relógios Rolex vive a indústria chinesa de cópias de produtos de luxo. Outro artigo, ainda mais tradicional, tem engordado o bolso dos falsificadores - os valiosos tapetes orientais, especialmente os persas e os turcos. No mês passado, pôde-se constatar o vigor dessa indústria paralela, depois que oficiais paquistaneses apreenderam teares de tapetes pertencentes a artesãos uigures, minoria étnica muçulmana que vive na província chinesa de Xinjiang. O objetivo era impedir que um grupo de uigures se instalasse em território paquistanês. Os fabricantes dos produtos originais, no Irã e na Turquia, festejaram a notícia da apreensão dos teares. Nos últimos dez anos, os chineses inundaram o comércio mundial com seus tapetes falsos, oferecendo preços menores e imitações muito semelhantes aos originais. Disse a VEJA o turco Ekrem Canbeyli, negociante do produto em Istambul: "A culpa é também dos turcos e iranianos que, na década passada, encomendaram tapetes aos chineses, para ser vendidos como cópias, e repassaram a eles as técnicas básicas de confecção. Visavam ao lucro, mas não perceberam que estavam prejudicando seu próprio negócio".
O metro quadrado de uma peça de luxo, como um Isfahan iraniano ou um Hereke turco, custa entre 4 000 e 6 000 dólares no país de origem. Uma cópia fabricada na China sai por 20% desse valor. Há lojas em todo o mundo, inclusive no Brasil, que vendem o similar chinês informando ao cliente que se trata de uma imitação. Mas muitos comerciantes inescrupulosos vendem tapetes chineses como se fossem persas, e ainda acenam com um descontão para o freguês. Este sai da loja com a sensação de que fechou um ótimo negócio. Mesmo quem tem algum conhecimento sobre tapetes orientais encontra dificuldade em identificar uma imitação chinesa. As contrafações são feitas com material e mão de obra de qualidade, embora o resultado final seja diferente (veja o quadro abaixo). "A melhor forma de não ser enganado é procurar lojas conhecidas e que ofereçam certificados de autenticidade", diz o iraniano radicado em Curitiba Masoud Jafari, dono de uma loja de tapetes na cidade.