Diogo Mainardi O Goebbels egípcio
Política

Diogo Mainardi O Goebbels egípcio



"Farouk Hosny é candidato ao cargo de diretor-geral
da Unesco. Quem o apoia? O Brasil. O Itamaraty. Lula.
Celso Amorim. Apoiamos um antissemita. Apoiamos um
queimador de livros"

"Eu queimaria pessoalmente qualquer livro israelense que se encontrasse nas bibliotecas do Egito."

A frase é de Farouk Hosny, o ministro da Cultura egípcio. Ele a pronunciou num congresso de seu partido, em 10 de maio de 2008. O diretor do Centro Simon Wiesenthal acusou-o de se inspirar em outro ministro da Cultura incendiário: Joseph Goebbels. Acusou-o também de ter disponibilizado a TV estatal do Egito a um notório negador do holocausto, Roger Garaudy, o antigo filósofo comunista que se converteu ao islamismo – o Cat Stevens de Auschwitz.

Farouk Hosny é candidato ao cargo de diretor-geral da Unesco. Isso mesmo, da Unesco: o organismo internacional que se ocupa prioritariamente de livros e bibliotecas. Quem o apoia? O Brasil. O Itamaraty. Lula. Celso Amorim. Apoiamos um antissemita. Apoiamos um queimador de livros. É o nosso "Fahrenheit 451" diplomático.

Mas o antissemitismo é só um dos aspectos escandalosos da candidatura de Farouk Hosny. Há outro. Uma das metas da Unesco, segundo seus estatutos, é promover os princípios democráticos. Há até um departamento de Democracia na Unesco, que zela pela liberdade de opinião e pela liberdade de imprensa. Farouk Hosny é ministro da Cultura do regime militar de Hosni Mubarak. O mesmo Mubarak que persegue seus opositores. O mesmo Mubarak que pretende transferir o poder para seu filho, Gamal. O mesmo Mubarak que tem a prerrogativa, entre muitas outras, de nomear os diretores dos principais jornais do país, todos pertencentes ao estado. E tem mais: Farouk Hosny é o ministro da Cultura do Egito desde 1987. Isso significa que nosso candidato para a Unesco, aquele que terá de tutelar os valores da democracia, da liberdade de opinião, da liberdade de imprensa, está enraizado no poder, em sua suserania ministerial, há exatamente 22 anos, protegido por um ditador.

Para apoiar Farouk Hosny, o Itamaraty abandonou a candidatura de um diplomata brasileiro, Márcio Barbosa. Especulou-se que isso poderia ser usado numa barganha com os países árabes para eleger Celso Amorim à chefia de outro organismo da ONU, a Agência Internacional de Energia Atômica. Celso Amorim negou esse propósito, declarando que o Brasil apoiaria a candidatura do sul-africano Abdul Minty para a AIEA. Faz sentido. Abdul Minty, assim como Celso Amorim e Lula, defende o programa nuclear iraniano, opondo-se a qualquer medida retaliatória contra o regime de Mahmoud Ahmadinejad, o negador do holocausto, o Roger Garaudy radioativo, o Cat Stevens de Natanz. Ahmadinejad esnobou o convite de Lula para visitar o Brasil. Quem sabe Roger Garaudy aceite.





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