A reivindicação de reforma do colegiado e cessão de um assento
permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU é o assunto
principal da pauta de interesses brasileiros na visita do presidente
Barack Obama neste fim de semana ao País.
O assunto entrou na pauta no governo Itamar Franco, saiu
temporariamente de cena na gestão Fernando Henrique Cardoso, que num
discurso na Cepal (Chile) afirmou que o Brasil não poderia ter como
prioridade o desejo de ser "polícia do mundo", voltou com força no
governo Luiz Inácio da Silva e permanece na agenda da presidente Dilma
Rousseff.
Os Estados Unidos relutam em explicitar apoio já manifestado por
razões estratégicas específicas, em favor do Japão e da Índia. A
defesa clara em favor da reivindicação brasileira criaria arestas com
a Argentina e mais acentuadamente com o México.
Do ponto de vista interno, a questão que se impõe é a seguinte: até
que ponto é realmente importante o Brasil pleitear o assento
permanente no Conselho de Segurança?
Na opinião de dois chanceleres do governo FH, Celso Lafer e Luiz
Felipe Lampreia, a reivindicação que anteriormente não era prioritária
hoje faz todo sentido.
Por quê? Na visão de Lampreia, porque o Brasil hoje tem uma posição
consolidada internacionalmente e o lugar no Conselho de Segurança
seria um "ícone" desse novo status.
"Antes a agenda do conselho não atendia às nossas prioridades, que
eram meramente econômico-comerciais, mas agora a agenda
prioritariamente político-militar dessa instância da ONU já pode se
adequar perfeitamente ao papel que o Brasil joga no mundo."
Celso Lafer argumenta na mesma linha, afirmando que o País deixou de
ser figurante para assumir o protagonismo adequado a uma nação de
proporções (e importância) continentais e que um assento permanente no
Conselho de Segurança consolidaria uma aspiração que data do início do
século passado (governo Artur Bernardes), agora legitimada pela
relevância conquistada pelo Brasil.
"São recursos de poder aos quais nem sempre tivemos, mas agora podemos
ter acesso", conclui Celso Lafer.
Mau passo. De Ciro Gomes a Gabriel Chalita, o cientista político José
Augusto Guilhon Albuquerque enxerga no PSB um "estoque de vilanias"
que desaconselharia a pretendida fusão da legenda a ser criada pelo
prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com o partido presidido pelo
governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Para ele, o problema do novo partido não está na trajetória, mas "no
ponto de chegada", o PSB. "O estoque de vilanias aplicadas pelo PSB é
impressionante. Se tivesse ficado no ninho tucano, o Chalita teria
tido votação ainda mais consagradora para deputado federal, teria a
secretaria que quisesse e seria candidato quase natural à Prefeitura
de São Paulo ou ao governo do Estado", argumenta Guilhon.
Com a saída de Chalita do PSDB para o PSB, argumenta o professor,
"Alckmin terá de se desdobrar para apoiá-lo a qualquer cargo pelo
PSB". Cita também a "aventura" de Paulo Skaf na candidatura ao governo
de São Paulo, em 2010, e lembra que "seria bom" a qualquer pretendente
a aliado do PSB se informar com "os irmãos Gomes" (Ciro e Cid) antes
de fechar negócio com o partido de Eduardo Campos.
"Se a iniciativa de Kassab não estiver coberta por um plantel
considerável de deputados, a opção pelo PSB será um suicídio para o
prefeito de São Paulo e seus aliados, entre os quais José Serra. Um
golpe de consequências imprevisíveis", considera o cientista político.
Prazo. O prefeito Gilberto Kassab calcula que em três meses, entre
coleta de quase 500 mil assinaturas e o sinal verde da Justiça
Eleitoral, o novo partido cuja criação será anunciada amanhã estará
devidamente legalizado.
Faz sentido. Descoberto por arqueólogos o que o senso comum
pressentia: o dinossauro brasileiro era originário do Maranhão.