DORA KRAMER Dois pesos, uma medida
Política

DORA KRAMER Dois pesos, uma medida


O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/07/10

Embora não haja termos de comparação qualitativa e quantitativa entre o uso das máquinas federal e estadual (no caso de São Paulo), na essência o crime é o mesmo: o presidente da República e o governador de São Paulo se utilizam indevidamente dos postos em prol dos respectivos candidatos à Presidência.
Luiz Inácio da Silva mobiliza mundos e fundos, transgride, reincide e os subordinados o seguem nesse rumo. A falta de cerimônia da Secretaria Especial das Mulheres ao distribuir cartilhas com artigo de Dilma Rousseff em anexo e uma urna eletrônica na capa é o exemplo mais recente. A distribuição só parou a conselho do advogado-geral da União, depois que o jornal “O Estado de S. Paulo” denunciou o caso.
Alberto Goldman (ao que se saiba) cita José Serra em discursos. Ainda que desproporcionais, os atos têm origem semelhante: a visão de que o que é público pode ser usado ao bel prazer do agente público.
Uma verificação nos Estados País afora vai encontrar abusos a mancheias. O benefício proporcionado pelo poder independe de o personagem ser ou não candidato à reeleição. Os casos de Dilma Rousseff e José Serra dizem muito a respeito.
O de Minas Gerais, onde o governador (Aécio Neves) deixou o lugar para o vice (Antonio Anastasia) que concorre no cargo e se vale do que é conhecido como o partido mais poderoso de Minas, o PL - Palácio da Liberdade (sede do governo) -, também diz bastante. A maneira como o assunto é tratado diz o resto.
A licenciosidade é geral. A Justiça, por exemplo, só acordou para o fato recentemente quando começou a apertar os critérios de julgamento dos abusos cometidos durante eleições, cassando mandatos de governadores e prefeitos.
Mesmo assim, há quem considere isso uma afronta à democracia, um desrespeito à “vontade do eleitor”; como se ela não tivesse sido vilipendiada antes.
Já começam a circular na internet manifestações contrárias a posições mais duras da Justiça em relação às repetidas torpezas presidenciais, classificando como “tentativa de golpe” os avisos de que o presidente da República pode vir a ser alvo de processo por improbidade administrativa e, no limite, a candidata também pode vir a ter sua candidatura cassada.
É notável a facilidade com que se carimba de “golpista” alguém que invoca a lei e a dificuldade que existe para reconhecer o óbvio: o imperativo da preservação do Estado de Direito.
Há ainda outra linha de pensamento que atribuiu os abusos ao advento da reeleição. Dessa corrente fazem parte o presidente Lula, o candidato José Serra e até muita gente bem-intencionada que vê no fim da reeleição um fator de aprimoramento democrático, exatamente porque teria o condão de conter o ímpeto no uso da máquina pública.
Descontados os que sabem perfeitamente que sofismam, sobram os otimistas e os esquecidos a compartilhar dessa visão. Achando que é possível dar fim assim tão fácil a uma prática arraigada nos costumes de poder desde muito antes de 1997, quando foi instituída a reeleição.
Há mais ou menos uns 500 anos.
Contratos de risco - Toda incerteza que cerca o julgamento das impugnações de candidaturas de gente com contas abertas na Justiça ou que tenha renunciado ao mandato para escapar da perda dos direitos políticos, acaba funcionando a favor da lei da Ficha Limpa.
Os nomes das excelências circulam em ambiente crítico e para muitos a dúvida acaba sendo um desestímulo para a montagem de campanhas que podem resultar em cassação de candidaturas ou até de mandatos. Para financiadores passa a ser um risco alto.
Serventia - Para que servem os comícios? Cesar Maia levanta a questão, lembrando que antigamente serviam para as pessoas conhecerem os candidatos ao vivo. Com a televisão, isso acabou.
Hoje, diz o ex-prefeito do Rio, comícios servem para motivar a militância.
Caberia acrescentar que valem, sobretudo, para produzir boas imagens para o horário eleitoral.



loading...

- Justiça Eleitoral Usa Dois Pesos E Duas Medidas, Diz Dilma
Agência Estado A candidata do Partido dos Trabalhadores à presidência da República, Dilma Roussef disse que a Justiça Eleitoral usa dois pesos e duas medidas ao analisar as ações de sua campanha eleitoral e a do candidato de oposição José Serra,...

- Vejam A Pegadinha Que Demos-verdes-tucanos Estão Preparando Para Os Cariocas.
Blog do Gadelha Eleições 2010, RJ: oposição conservadora faz aliança pensando em armação no Horário Eleitoral Gratuito A coluna de Dora Kramer no Estadão de hoje falando dos acertos entre o tucano José Serra e o demo Cesar Maia (“Serra foi...

- Dora Kramer Proposta Estratégica
O Estado de S.Paulo - 20/04/2010 A posição de José Serra sobre o fim da reeleição e instituição do mandato único de cinco anos para presidente da República é antiga e conhecida. Estrategicamente ele escolheu o dia de ontem quando visitava Minas...

- Cautela Prejudicial - Merval Pereira
O GLOBO O governador de Minas, Aécio Neves, marcou dezembro para uma definição oficial do PSDB sobre o candidato à sucessão de Lula para retomar o controle da disputa interna, que estava se encaminhando para uma decisão unilateral do governador...

- Fatos Novos Merval Pereira
O GLOBO Alguns sinais nos últimos dias indicam que a base governista não se convence de que a candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência tenha condições de vingar, e não se trata de simples impressão. Pesquisas de opinião já indicam...



Política








.