O ESTADO DE S PAULO,
A última rodada da pesquisa Datafolha para as eleições estaduais de 2010 traz notícias frescas. Revela, por exemplo, a verdadeira motivação do governador José Serra para promover a paz com o ex-governador Geraldo Alckmin, com quem mantinha até janeiro um atrito fidalgo, porém sincero.
Com 41% das intenções de voto, Alckmin é o predileto do eleitor paulista para governador do estado, seguido de longe pelo segundo colocado – seja Paulo Maluf (13%) ou Marta Suplicy (13% ) –, posicionado a léguas de vantagem do preferido pelo governador, Aloysio Nunes Ferreira (1%).
Isso depois de não ter conseguido chegar ao segundo turno na eleição de prefeito, há cinco meses.
Serra deve ter examinado o cenário e resolvido não brigar com os fatos, posta que está a discrepância entre sua preferência e a opinião do eleitorado.
Isso não ocorre só em São Paulo, devido ao maior distanciamento entre a sociedade e o aparelho de estado. Em vários outros a pesquisa mostra que, não raro, uma coisa é o desejo dos partidos, outra bem diferente é a vontade do eleitor.
Em Minas Gerais, o governador Aécio Neves e o então prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, já tinham levado um susto quando não conseguiram eleger Márcio Lacerda em primeiro turno na capital, a despeito de a união dos dois ter aprovação superior a 80%.
Na pesquisa Datafolha o presumido candidato de Aécio em 2010, Antonio Anastasia, aparece com 5% das preferências. O líder é o ministro das Comunicações, Hélio Costa, do PMDB, com 41%. Quer dizer, pelo visto, em Minas também não é a posição do governador o fator preponderante para a definição das condições de competitividade do candidato.
Tanto isso é verdade que a pesquisa para presidente da República, quando desdobrada por estados, desfaz o mito de que o mineiro pegará em armas contra São Paulo caso o PSDB escolha Serra e não Aécio como seu candidato.
O governador é disparado o predileto, com 67% das preferências. Mas, quando a pesquisa apresenta, no lugar dele, o nome do governador de São Paulo, Serra tem 40% das intenções.
O eleitor paulista, porém, não é tão generoso na recíproca: confere 52% para Serra e 14% quando a hipótese de candidato a presidente é Aécio.
Os governadores candidatos à reeleição aparecem mais bem posicionados. Ainda assim, só Jacques Wagner, da Bahia, ganharia hoje disparado com 36% contra 19% do segundo colocado, o senador do DEM e ex-governador Paulo Souto.
José Roberto Arruda (DEM), do Distrito Federal, tem Joaquim Roriz (PMDB) nos calcanhares. Roriz praticamente acabou de renunciar ao mandato por causa de denúncias de corrupção. No entanto, aparece com 35% nas pesquisas, pouco menos que os 41% de Arruda.
Em Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) está na frente (40%), mas é seguido de perto pelo adversário Jarbas Vasconcelos (34%), cujo partido, PMDB, recentemente pensou em afastar do comando regional alegando insuficiência de desempenho. Na verdade, era uma tentativa de retaliação pelas acusações de corrupção no PMDB.
O Rio Grande do Sul é o caso mais dramático de governador em dissonância com o eleitor. Yeda Crusius (PSDB) se fosse disputar a reeleição hoje não chegaria a dois dígitos nas preferências (9%).
O Rio de Janeiro talvez seja o caso mais emblemático de dificuldade. Sérgio Cabral Filho elegeu prefeito Eduardo Paes numa disputa duríssima, leva Lula quando quer ao Rio e tem linha aberta em matéria de verbas federais.
Cabral aparece com 26% na pesquisa e três adversários (Marcelo Crivella, Fernando Gabeira e Wagner Montes) que somam 42%.
Um ano e meio é antecedência suficiente para mudar qualquer cenário. Mas a fotografia de antes da partida, de todo modo, mede a distância entre o valor que o poder acha que tem e a importância que o eleitor lhe dá.
Trem fantasma
Opinião de quem conhece o meio: crise de verdade eclodirá se o poder moralizador atravessar a rua e, do edifício do Senado, for dar com os costados na gráfica, nas secretarias especiais de informática (Prodasen) e integração à distância dos poderes legislativos (Interlegis).
Da onça
O ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia fez chegar a vários gabinetes o seguinte lembrete: perdeu o cargo, mas não perdeu os arquivos de computador.
É guerra
Depois de afirmar que se fosse aberto o baú do uso indevido das passagens aéreas das cotas dos senadores o constrangimento seria geral, o primeiro-secretário, Heráclito Fortes, achou por bem recuar.
Pelo sim, pelo não, no fim da semana passada funcionários prepararam as listas com os nomes de beneficiários de passagens e as têm separadas ano a ano, no aguardo da ordem para divulgação.
A última rodada da pesquisa Datafolha para as eleições estaduais de 2010 traz notícias frescas. Revela, por exemplo, a verdadeira motivação do governador José Serra para promover a paz com o ex-governador Geraldo Alckmin, com quem mantinha até janeiro um atrito fidalgo, porém sincero.
Com 41% das intenções de voto, Alckmin é o predileto do eleitor paulista para governador do estado, seguido de longe pelo segundo colocado – seja Paulo Maluf (13%) ou Marta Suplicy (13% ) –, posicionado a léguas de vantagem do preferido pelo governador, Aloysio Nunes Ferreira (1%).
Isso depois de não ter conseguido chegar ao segundo turno na eleição de prefeito, há cinco meses.
Serra deve ter examinado o cenário e resolvido não brigar com os fatos, posta que está a discrepância entre sua preferência e a opinião do eleitorado.
Isso não ocorre só em São Paulo, devido ao maior distanciamento entre a sociedade e o aparelho de estado. Em vários outros a pesquisa mostra que, não raro, uma coisa é o desejo dos partidos, outra bem diferente é a vontade do eleitor.
Em Minas Gerais, o governador Aécio Neves e o então prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, já tinham levado um susto quando não conseguiram eleger Márcio Lacerda em primeiro turno na capital, a despeito de a união dos dois ter aprovação superior a 80%.
Na pesquisa Datafolha o presumido candidato de Aécio em 2010, Antonio Anastasia, aparece com 5% das preferências. O líder é o ministro das Comunicações, Hélio Costa, do PMDB, com 41%. Quer dizer, pelo visto, em Minas também não é a posição do governador o fator preponderante para a definição das condições de competitividade do candidato.
Tanto isso é verdade que a pesquisa para presidente da República, quando desdobrada por estados, desfaz o mito de que o mineiro pegará em armas contra São Paulo caso o PSDB escolha Serra e não Aécio como seu candidato.
O governador é disparado o predileto, com 67% das preferências. Mas, quando a pesquisa apresenta, no lugar dele, o nome do governador de São Paulo, Serra tem 40% das intenções.
O eleitor paulista, porém, não é tão generoso na recíproca: confere 52% para Serra e 14% quando a hipótese de candidato a presidente é Aécio.
Os governadores candidatos à reeleição aparecem mais bem posicionados. Ainda assim, só Jacques Wagner, da Bahia, ganharia hoje disparado com 36% contra 19% do segundo colocado, o senador do DEM e ex-governador Paulo Souto.
José Roberto Arruda (DEM), do Distrito Federal, tem Joaquim Roriz (PMDB) nos calcanhares. Roriz praticamente acabou de renunciar ao mandato por causa de denúncias de corrupção. No entanto, aparece com 35% nas pesquisas, pouco menos que os 41% de Arruda.
Em Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) está na frente (40%), mas é seguido de perto pelo adversário Jarbas Vasconcelos (34%), cujo partido, PMDB, recentemente pensou em afastar do comando regional alegando insuficiência de desempenho. Na verdade, era uma tentativa de retaliação pelas acusações de corrupção no PMDB.
O Rio Grande do Sul é o caso mais dramático de governador em dissonância com o eleitor. Yeda Crusius (PSDB) se fosse disputar a reeleição hoje não chegaria a dois dígitos nas preferências (9%).
O Rio de Janeiro talvez seja o caso mais emblemático de dificuldade. Sérgio Cabral Filho elegeu prefeito Eduardo Paes numa disputa duríssima, leva Lula quando quer ao Rio e tem linha aberta em matéria de verbas federais.
Cabral aparece com 26% na pesquisa e três adversários (Marcelo Crivella, Fernando Gabeira e Wagner Montes) que somam 42%.
Um ano e meio é antecedência suficiente para mudar qualquer cenário. Mas a fotografia de antes da partida, de todo modo, mede a distância entre o valor que o poder acha que tem e a importância que o eleitor lhe dá.
Trem fantasma
Opinião de quem conhece o meio: crise de verdade eclodirá se o poder moralizador atravessar a rua e, do edifício do Senado, for dar com os costados na gráfica, nas secretarias especiais de informática (Prodasen) e integração à distância dos poderes legislativos (Interlegis).
Da onça
O ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia fez chegar a vários gabinetes o seguinte lembrete: perdeu o cargo, mas não perdeu os arquivos de computador.
É guerra
Depois de afirmar que se fosse aberto o baú do uso indevido das passagens aéreas das cotas dos senadores o constrangimento seria geral, o primeiro-secretário, Heráclito Fortes, achou por bem recuar.
Pelo sim, pelo não, no fim da semana passada funcionários prepararam as listas com os nomes de beneficiários de passagens e as têm separadas ano a ano, no aguardo da ordem para divulgação.