Economia só tem fôlego para crescer 3% ao ano- Luiz Carlos Mendonça de Barros
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Economia só tem fôlego para crescer 3% ao ano- Luiz Carlos Mendonça de Barros



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Economia só tem fôlego para crescer 3% ao ano, diz ex-presidente do BNDES


Retomada. Mendonça de Barros: cenário favorável a crescimento em EUA, China e emergentes Foto: Sergio Zacchi/Valor Econômico
Retomada. Mendonça de Barros: cenário favorável a crescimento em EUA, China e emergentes Sergio Zacchi/Valor Econômico
BRASÍLIA — Sócio-fundador da Quest Investimentos e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros diz que crescimento via consumo já chegou ao limite. Até que se aplique mais em infraestrutura e produtividade, a expansão do país ficará limitada a um patamar inferior aos 4% ao ano que o governo deseja.
O governo passou 2012 anunciando medidas de incentivo à economia, mas o PIB brasileiro não mostrou a reação esperada pela equipe econômica. Por quê?
A economia brasileira sofreu mudanças profundas em 2012 em função de fatores de natureza conjuntural e estrutural. Entre os primeiros, eu citaria como o mais importante a perda de confiança que atingiu os mercados internacionais. Na maior parte do ano prevaleceu a percepção de que teríamos um novo mergulho recessivo no mundo. Seria muito difícil essa perda de confiança não chegar à economia brasileira. E ela chegou, principalmente na atitude dos empresários em relação ao investimento de suas empresas.
Mas o mercado doméstico permaneceu aquecido...
O consumidor brasileiro não entrou nesse clima de pânico e manteve sua velocidade de consumo inalterada. Mas outra força, esta de natureza estrutural, afetou a velocidade de crescimento dos gastos das famílias. Os estímulos estruturais dos anos Lula — principalmente o crescimento do crédito — perderam fôlego pela simples ocupação de todo o espaço ocioso que existia anteriormente. Entre 2006 e 2010, o crédito bancário ao consumo passou de 4% do PIB para 16%. Para se ter uma dimensão desse ajuste estrutural, basta considerar que, em cinco anos apenas, o nível do crédito chegou ao que existe na economia americana quando se descontam os empréstimos imobiliários.
O que o Brasil precisa para crescer de agora em diante?
Daqui para a frente são os novos investimentos que ditarão a velocidade de expansão do PIB. A massa salarial neste início de 2013 continua a crescer a mais de 5% ao ano, o que deve garantir o aumento do consumo das famílias. Mas este crescimento não será suficiente para sustentar o crescimento do PIB a taxas superiores a 3% ao ano.
Como será o cenário externo?
Em 2013, teremos um ambiente externo mais favorável, com a retomada do crescimento nos Estados Unidos, na China e no mundo emergente. Neste mundo mais otimista, creio que vai ocorrer uma retomada dos investimentos no Brasil. De início, ainda de forma modesta, mas, a partir do segundo trimestre, deve se acelerar em função do otimismo que deve vir de fora e da sustentação da renda das famílias e do consumo.
Vale a pena o governo continuar estimulando a economia pelo lado do consumo?
Como o crédito chegou a seu ponto limite, não adianta tentar estimular o crescimento via o canal dos bancos. Os consumidores ocuparam, nos últimos anos, toda a renda disponível para consumo. O outro canal para a expansão dos gastos de consumo — os aumentos reais de salário, principalmente salário mínimo — está também limitado pela inflação. Como muito bem colocou o Banco Central, estamos no limite da oferta interna e somente um esforço para aumentá-la via investimentos é que pode nos trazer de volta, em futuro próximo, as taxas mais elevadas de crescimento.

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