Encontro mágico- Walnize Carvalho
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Encontro mágico- Walnize Carvalho



Encontro mágico

Walnize Carvalho

Aos poucos os convidados foram chegando. Ceia de fim-de-ano.
Convite aceito. Pontualidade incomum.
A anfitriã encaminhava seus amigos aos lugares que iriam ocupar na grande mesa.
Todos estavam lá:a moça da creche da neta; o porteiro e o faxineiro do prédio em que mora; o jornaleiro da banca; a faxineira; a cabeleireira; o varredor de rua; a vizinha do sexto andar; o taxista; o entregador das compras do supermercado ; o moço do tabuleiro de bananas e a atendente da padaria.
A exemplo da Ceia de Cristo, 12 convidados, para uma noite que prometia ser de solidariedade, acolhimento e respeito mútuo.
Nenhum deles se conhecia, a não ser a dona da casa, que fez questão de reuni-los para aquele momento especial. Ela desejava dividir e brindar com eles mais um ano que findava.
Após situá-los, pediu licença e dirigiu-se ao seu quarto com o propósito de terminar de arrumar-se.
Fechada a porta, sentou-se na cama e fez uma retrospectiva mental: estavam presentes neste encontro mágico pessoas de universos tão diferentes e que fizeram parte do seu mundo o ano inteiro. Todos lhe serviram não só como forma de trabalho e obrigação, mas com afeto, paciência, atenção e generosidade.
Lembrou-se da moça no portão da creche: “Entra,Valentina! Dê um beijo na vó”; do porteiro: “Deixa que eu abro a porta do elevador para a senhora”; do faxineiro do prédio : “ Posso levar o seu lixo para a lixeira” ; do jornaleiro : Guardei um álbum das”Princesas” para a menina” ; da faxineira e a boa vontade em fazer atividades extras; da cabeleireira, sempre fazendo-a sentir-se mais jovial; do varredor de rua, no sol a pino agradecido por um copo d’água a ele oferecido; da vizinha que sempre sorria e lhe dava “bom dia”; do taxista que espera, pacientemente, o embarque da neta; do entregador das compras do supermercado (o menino trazendo sacas pesadas muitas vezes a pé); do vendedor de frutas: “Separei as bananas maçã que a freguesa compra toda semana ...
Sem contar com a moça da padaria (sempre escolhendo o pão mais fresquinho).
Cerrou os olhos. Lágrimas de contentamento passeavam em sua face ...
De repente, o telefone toca.
A mulher espantou-se. Percebeu que se tratava de um sonho. Sonho bom.
Levantou-se apressadamente. Abriu a janela da sala. .
Olhou para o céu. O sol esplêndido a saudava e anunciava que um Ano Novo acabara de nascer!...



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