Política
Felipe González, envolvido em casos de terrorismo de Estado, teve Cavaco Silva como fiel aliado
1. O ex-polícia espanhol
José Amedo Fouce declarou ontem em tribunal que a criação dos GAL (Grupos Antiterroristas de Libertação) foi decidida por altos dirigentes socialistas,
incluindo o ex-primeiro ministro Felipe González. A declaração foi feita num julgamento sobre atentados levados a cabo por três mercenários portugueses, em 1986 no País Basco contra elementos do movimento nacionalista ETA.
Entretanto julgado e condenado em Lisboa no ano de 1992, Rogério Carvalho da Silva, um dos três portugueses contratados para alguns desses atentados terroristas,
invocou o nome de Cavaco Silva para agora se recusar a depor no início da sua audição como testemunha no processo contra o ex-chefe da polícia da cidade de Bilbau, Miguel Planchuelo. Passados 25 anos, e mais de uma década de instrução, Planchuelo está a ser julgado sob acusação de financiar os atentados. Rogério Carvalho da Silva, arrolado como testemunha, afirmou, através de videoconferência, que
não podia depor porque Cavaco Silva, quando era primeiro-ministro, «deu ordem para não se falar disto» porque «é um segredo de Estado». Obviamente, “a Presidência da República ainda não reagiu a esta notícia”
2. Felipe González esteve à frente do governo espanhol
entre 1982 e 1993 quando perdeu a maioria absoluta debaixo de acusações de corrupção generalizada e de organizar o terrorismo de Estado numa guerra suja para tentar exterminar a ETA. Na altura Gonzaléz esteve para ser substituido à frente do PSOE por
Javier Solana, mas Solana foi eleito como secretário da NATO em 1995 onde se dedicou a actos terroristas de maior amplitude, como por exemplo ao serviço do imperialismo norte-americano na destruição da
Jugoslávia.
Ali os partidos regionais já puderam ganhar autonomia, mas em Espanha os bascos de Heuskal Herria não podem. Os militantes da ETA têm sido sistematicamente ilegalizados usando o Estado espanhol na tarefa o juiz
Baltazar Gàrzon que,
depois de usado foi descartado pelo importante sector fascista que permanece incólume no sector da Justiça em Espanha. Se porventura Gàrzon tivesse sido nomeado ministro da Justiça pelos “
socialistas” o presente caso dos GAL nunca teria ido a julgamento e, nessa eventualidade, tudo estaria em paz entre Gàrzon e os fascistas da Audiência Nacional
3. Em Janeiro de 1988 a Audiência Nacional espanhola encontrou indícios no julgamento de Lisboa do envolvimento de Amedo nos assassinatos perpetrados pelos Grupos GAL. O
subcomissário José Amedo recebia ordens directamente dos Ministério do Interior, viajava para Portugal para contratar mercenários fornecendo-lhes armas, explosivos e tudo o necessário para o efeito. O juiz Baltazar Gàrzon teve a seu cargo as investigações sobre o caso, descobrindo segundo os relatórios do Ministério do Interior que
as viagens de Amedo a Portugal foram de carácter oficial e pagas por fundos reservados para actividades secretas do Estado.
Armas, dinheiro e terroristas passando livre e impunemente pela fronteira portuguesa,
a tudo o governo de Cavaco Silva não impôs entraves, ao contrário, encobriu-os.
4. Os grupos paramilitares armados GAL estiveram activos nesta guerra suja entre 1983 e 1987 sendo responsáveis por
23 assassinatos, incluindo vítimas sem qualquer relação com os grupos independentistas bascos. Em Agosto de 1996 o recém-eleito
José Maria Aznar negou o acesso dos investigadores à documentação dos arquivos do Estado (Cesid) impedindo a continuação das investigações, uma postura contrária ao que o Partido Popular afirmava antes, quando estava na Oposição e apostado em apear Felipe González. A partir daí a continuação da ocultação da história é evidente. Em Portugal foi eleito Durão Barroso com francas afinidades com Aznar; e mais tarde Cavaco Silva como presidente, que agora é de novo citado como sendo
colaborador em negócios de Estado com terroristas.
5. Para memória futura, ficam os nomes das vítimas. O povo tem os seus próprios arquivos de crimes que ficam impunes:
19/Dez/1983.
Ramon Oñederra, Kattu, abatido a tiro em Baiona.
29/Dez/1983.
Mikel Goiketxea, Txapela, atingido por um sniper em Baiona.
8/Fev/1984.
Bixente Perurena e
Angel Gurmindo, metralhados em Hendaia.
25/Fev/1984.
Eugenio Gutiérrez Salazar, Tigre, morto por um franco-atirador em Idauze-Mendi (Zuberoa).
23/Mar/1984.
Xabier Pérez Arenaza morto numa gasolineira de Biarritz.
3/Mai/1984.
Rafael Goikoetxea, morto a tiro em Baigorri.
15/Jun/1984.
Tomás Pérez Revilla morre em atentado na explosão de uma moto-bomba.
18/Nov/1984. Morte em Biriatu de
Christian Olaskoaga, alvejado a partir de um motociclo.
29/Mar/1985.
Benoit Pescasteings morre no metralhamento do Café des Pyrinées em Baiona.
30/Mar/1985.
Xabier Galdeano, morto a tiro em Donibane-Lohitzune.
14/Jun/1985. Metralhamento do bar Trinkete de Ziburu custa a vida a
Emile Weiss e
Claude Doer.
26/Jun/1985. Morto em Baiona a tiro
Santos Blanco Aitite.
2/Ago/1985.
Juan Mari Otegi Txato morre em atentado em Donibane-Lohitzune.
25/Set/1985. Metralhamento do bar Monbar de Baiona, custa vida a
Joxe Mari Etxaniz,
Iñaki Asteasuinzarra,
Agustin Irazustabarrena e
Sabin Etxaide.
17/Fev/1986. Mortes a tiro de
Christophe Matxikote e
Catherine Brion.
24/Dez/1987. Uma explosão acaba com aa vida de
Juan Carlos García Goena.
Outros crimes só resolvidos parcialmente:
15/Out/1983.
Joxean Lasa e
Joxi Zabala são sequestrados em Baiona; os seus restos mortais apareceram dois anos depois e não seriam identificados até 1995.
1/Mar/1984.
Jean Pierre Leiba foi morto com um disparo no coração em Hendaia.
20/Nov/1984.
Santi Brouard, foi morto a tiro durante uma consulta médica em Bilbau
24/Dez/1985. Tiroteio em Biarritz mata
Roberto Caplanne(lista recolhida no site Insurgente)
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