Há algo de Podre,,, no reino da dinamarca
Política

Há algo de Podre,,, no reino da dinamarca


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Alain Gresh (publicado no Le Monde Diplomatique,Março 2006)

Uma pequena e valente nação europeia defendendo a liberdade de expressão; um povo acolhedor e tolerante surpreendido pela barbárie; um regime abatido pela irrupção do religioso na esfera politica... Este tipo de lugares-comuns sobre a Dinamarca marcou as polémicas das últimas semanas em torno das caricaturas do profeta Maomé.
É no entanto necessário quebrar o verniz para descobrir um quadro bem diferente destas imagens populares e idilicas. A Dinamarca, recorde-se, é tudo menos um Estado laico. Para além da Igreja não estar separada do Estado, existe uma religião de Estado - o protestantismo luterano - os padres são funcionários públicos, as aulas de cristianismo são obrigatórias nas escolas,etc. (ver: "Um contexto caricatural dinamarquês" por Heidi Bojsen da Univ. de Roskilde).
A tolerância encontra-se seriamente diminuida num país em que a maioria de centro-direita só se mantem graças ao apoio de uma formação de extrema-direita, o Partido do Povo Dinamarquês, que nada fica a dever à Frente Nacional francesa. Como assinala o jornalista Martin Burcharth, "nós dinamarqueses, tornámo-nos cada vez mais xenófobos. A publicação das caricaturas pouco tem a ver com a vontade de ver surgir um debate sobre a autocensura e a liberdade de expressão, só podendo ser compreendida num clima de profunda hostilidade a tudo o que aqui é muçulmano"
Note-se, por fim, que o diário Jyllands-Posten,(o mesmo que faz entrevistas benevolentes ao caçador de bruxas neocon yankee Daniel Pipes) que publicou as caricaturas de Maomé, se recusou há alguns anos atrás a publicar uma caricatura mostrando Cristo com as espinhas da coroa transformadas em bombas, atacando clinicas que praticam a interrupção voluntária da gravidez. A liberdade de expressão merece ser defendida. É inadmissivel saquear consulados ou embaixadas, e menos ainda queimá-los. Sim, a comunicação social deve desafiar os tabus, mesmo que se dê provas de maior coragem quando se contesta os da sua própria sociedade do que os das outras. Fica-se, assim, a aguardar a publicação em França de caricaturas - e artigos - sobre os patrões da imprensa, como Dassault, Bouygues ou Lagardère...

* para aprofundar o tema:
"Revoltas e rejeições em nome do Islão" por Georges Corm



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