Honduras Pressão americana leva a um acordo
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Honduras Pressão americana leva a um acordo


Perdeu o Bigodão

Acordo imposto pelos Estados Unidos põe fim à crise e reserva
para Manuel Zelaya um papel simbólico até as eleições no fim deste mês


Thomaz Favaro

Esteban Felix/AP
Manuel Zelaya
Ele tinha mais poder na embaixada brasileira do que terá na Presidência de Honduras

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O poder dos Estados Unidos está sendo abertamente desafiado no Oriente Médio por titubean-tes governos aliados e ataques terroristas de proporções monstruosas. Na vizinhança de casa, pelo menos, a força do império se fez sentir. Em apenas dois dias, diplomatas americanos puseram um fim à crise em Honduras. A OEA e o Nobel da Paz Oscar Arias nada conseguiram em quatro meses de negociações. As conversas entre o presidente deposto, Manuel Zelaya, e seu substituto interino, Roberto Micheletti, terminaram na semana passada, depois de um encontro mediado por Thomas Shannon, subsecretário de Estado americano para a América Latina e futuro embaixador no Brasil. Ao Congresso hondurenho cabe ainda aprovar, após ouvir a opinião da Corte Suprema, a volta de Zelaya. Vai aprovar. Zelaya venceu? Não. O bigodão perdeu. Ele terá menos poderes na Presidência do que tem na embaixada brasileira, onde se instalou há um mês. Sua volta é simbólica. Enquanto ele estiver ocupando o cargo, as Forças Armadas responderão ao Supremo Tribunal Eleitoral hondurenho. A restituição do aspirante a golpista bolivariano – deposto por tentar aprovar a própria reeleição, o que é proibido pela Constituição – será apenas uma formalidade a ser cumprida para não manchar a credibilidade das eleições presidenciais, marcadas para 29 de novembro. Sem o acordo, o resultado das urnas não seria reconhecido pela maioria dos países, o que colocaria Honduras num limbo internacional.

Yuri Cortez/AFP

Retorno à normalidade
Micheletti anuncia o acordo: interino


O acordo forçado pelos Estados Unidos também prevê que não haverá anistia política e que uma comissão será organizada para averiguar os acontecimentos dos últimos meses. A decisão firme da diplomacia americana em Honduras contrasta com a hesitação do governo de Barack Obama em outros problemas de política externa, como a recusa do Irã em cooperar com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o envio de mais tropas para o Afeganistão e a leniência do governo do Paquistão com as milícias do Talibã.

Embora o presidente Micheletti tenha afirmado que fez uma "concessão significativa" para resolver a crise no país, o fato é que o acordo sela o fim da carreira política de Zelaya. Ele terá de deixar a Presidência em janeiro e vai ser julgado pelos crimes dos quais é acusado: traição à pátria, abuso de autoridade, delito contra a forma de governo e usurpação de funções. A democracia hondurenha seguirá muito bem sem ele. As eleições presidenciais serão disputadas por seis candidatos, e o favorito é Porfirio Lobo, do Partido Nacional, que faz oposição à Zelaya. Para o governo brasileiro, depois de tanto empenho na crise hondurenha, sobraram as tarefas de aplaudir a diplomacia americana e responder na Corte Internacional de Justiça, de Haia, à acusação de ingerência nos assuntos internos de outro país.




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