Intervenção do BC no mercado cambial O Estado de S. Paulo EDITORIAL
Política

Intervenção do BC no mercado cambial O Estado de S. Paulo EDITORIAL


Desde 13 de fevereiro de 2003, o Banco Central (BC) não realizava vendas de dólares físicos. Ontem fez três vendas, além de um contrato de swap. A intervenção se justificou quando o dólar, na BM&F, subiu 9,43% e no balcão, na abertura, 6,4%. Estima-se que nas três intervenções o BC vendeu entre US$ 1,6 bilhão e US$ 2,0 bilhões, utilizando suas reservas.

Isso evitou uma escalada explosiva e permitiu a redução de 2,42% no dólar, para R$ 2,256. A pergunta é por que, num regime de câmbio flutuante, o BC intervém. Antes, o BC havia realizado operação de swap em que ofereceu dólares mediante promessa do comprador de devolvê-los a uma taxa prefixada. Constatou-se que esse tipo de operação não teve efeitos reais sobre as cotações. O BC deixou que elas subissem, mas não escapou da venda direta ontem, quando se estabeleceu um clima de quase pânico no mercado.

O objetivo da intervenção é buscar uma certa estabilidade do câmbio. A desvalorização ajuda os exportadores, mas ocorre num momento de retração dos mercados externos, que dificulta as vendas e retira parte da vantagem. Por outro lado, torna mais caras as importações (pressiona a inflação) e contribui para abortar a realização de investimentos, o que tem sido importante para a economia nos últimos meses.

Na fase de valorização do real, o BC dispôs de um instrumento importante na contenção da alta de preços. Pode estar temeroso, agora, de que a desvalorização se transforme em fator altamente inflacionário, enquanto as vantagens para a exportação podem ficar limitadas por causa da forte queda, em volume e preços, das commodities.

É possível que a queda de preço das commodities e, em particular, do petróleo, contrabalance em parte os efeitos inflacionários da desvalorização, que torna mais caros os bens importados.

Todavia, as autoridades monetárias estão conscientes de que a volatilidade da taxa cambial é perturbadora para o comércio exterior tanto nas exportações quanto nas importações. Um fato a notar ainda é que a desvalorização dificulta a colocação de títulos da dívida no exterior, o que levou o Tesouro a suspender as operações do "Tesouro Direto".

Pode-se temer que em alguns meios, diante da baixa eficácia das vendas diretas do BC, surja a idéia de retorno a um câmbio fixo, ou um "crawling peg", o que, na conjuntura internacional atual, seria altamente negativo.



loading...

- Cuidado Com A Taxa De Câmbio - Luiz Carlos MendonÇa De Barros
Nos últimos dias, o objetivo do BC foi mostrar ao mercado que o governo quer enfraquecer o realO governo passou das palavras à ação no mercado de câmbio e está provocando, via compras do BC, a desvalorização do real. Nos últimos 30 dias, a moeda...

- Balas Na Agulha Celso Ming
O Estado de S. Paulo - 16/12/2011 Não se consumou o leilão direto de dólares que o Banco Central realizou nesta quinta-feira.Nos últimos 30 meses, o Banco Central só comprou moeda estrangeira, não vendeu. De lá para cá, as reservas externas...

- Ah, Esse Dólar.... Alberto Tamer
O Estado de S. Paulo - 22/09/2011  O dólar valorizado, mais de 14% este ano, está criando um dilema para o governo que tudo fez para chegar a esse resultado. Ele estimula a indústria, mas pressiona a inflação, em parte contida até agora por...

- Preocupações Com O Fluxo Cambial
O fluxo cambial, até o dia 10 de outubro (oito dias úteis), apresentou saldo negativo de US$ 1,089 bilhão, com fluxo comercial positivo em US$ 1,970 bilhão, mas fluxo financeiro negativo em US$ 3,059 bilhões. O resultado,...

- Para Onde Vai O Câmbio No Brasil? Antonio Corrêa De Lacerda*
Essa é uma das perguntas mais freqüentes em meio à turbulência global das últimas semanas. A administração da política cambial, assim como sua relação com a política monetária, é um dos grandes desafios da gestão...



Política








.