Maria de Buenos Aires
Política

Maria de Buenos Aires


“Ali estava eu, de pé, no meio do grande átrio daquela grande escola com uma grande história. Olhei para todos aqueles rapazes e raparigas, todas aquelas fotografias, todas aquelas pessoas ausentes, quase completamente desaparecidas. Lembro-me que Franca me provocou uma impressão muito estranha. Depois de ler um poema que ela tinha escrito olhei para a sua fotografia: o seu sorriso caloroso revelava uma simpatia que eu não conseguia descrever.

Quando soube quem ela era não senti revolta ou tristeza, como imaginaria. O que senti foi terror, um terror incompreensível de alguma coisa que não consigo especificar. E quis ir-me embora, e assim o fiz. Mas a sensação inconsciente de impotência pouco a pouco deu lugar à consciência de que não havia lugar nenhum para onde fugir. Pensei que a sensação de terror vinha desses tempos e do que aconteceu então. Talvez fosse o medo de que me pudesse acontecer a mim, a sensação egoísta de insegurança. No entanto, comecei a compreender que era o próprio poder que eu temia acima de todas as coisas. Era o medo do que a sua impunidade podia provocar em mim, medo do que eu próprio pudesse fazer.
No presente, quando a ditadura e a morte estão supostamente distantes, por alguma razão o terror persiste”
Bernie, estudante do 3º ano no Colégio Nacional de Buenos Aires, sobre o ensaio fotográfico “Buena Memória”, de Marcelo Brodsky, que lembra os milhares de desaparecidos durante os anos da ditadura militar na Argentina, quando militantes e simples simpatizantes de esquerda eram sistematicamente raptados por paramilitares encapuzados.


A oratória “Maria de Buenos Aires”, com música de Astor Piazzola recordou a história desse periodo negro, milhares de histórias, repartidas entre putas e santas, pelas muitas Marias que ficam, independentes dos dramas das macro-politicas proto- fascistas, condenadas a dançar o tango, (ou o fado) da vida.
Foi curioso, no mínimo, ver a Mísia, uma manifesta apoiante do Bloco de Esquerda, interpretar a peça no esplendor do São Carlos. Terminou assim a época de Paolo Pinamonte e a ousadia na gestão da programação do Teatro de Ópera Nacional. O cinzentismo regressa já na próxima época, vincado desde já pela anunciada e banida 3ª parte da trilogia do Anel de Wagner e pelo espectro que paira sobre o Teatro, de que se diz à boca pequena, será colocado sob a alçada da EGEAC, o departamento kultural que trata dos mangericos da Câmara de Lisboa.



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