Fórum em Porto Alegre prega valores
liberais em tempo de estado forte
Arivaldo Chaves/Ag. RBS |
NOVA GERAÇÃO Gustavo Franco em debate do Fórum da Liberdade, em Porto Alegre: liberalismo para jovens |
Um dos efeitos colaterais da crise financeira mundial foi reanimar a torcida contra o liberalismo econômico. Nesse contexto, tornam-se atos de resistência os esforços para entender e divulgar, sem a distorção das condições conjunturais, os princípios que a longo prazo são realmente os melhores para produzir e distribuir riqueza. A 22a edição do Fórum da Liberdade, realizada em Porto Alegre na semana passada, caminha nesse sentido. O evento reuniu intelectuais, empresários e lideranças políticas para debater a cultura da liberdade em relação a quatro aspectos: o protecionismo, o intervencionismo, a imprensa e a questão étnica. O tom geral do debate foi dado pela ideia de que as liberdades econômicas, como o direito de propriedade, são indissociáveis de outros tipos de liberdade, como a de imprensa e a de ser julgado pelo que se é individualmente, e não por um rótulo racial. O conjunto desses princípios está no cerne do bom funcionamento de uma democracia liberal. "É importante entender que esta crise não é a porta para um novo socialismo. Trata-se de um ciclo natural do capitalismo, como tantos outros que já enfrentamos", disse Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, em um dos painéis do debate. Na palestra de abertura do evento, Vicente Fox, presidente do México entre 2000 e 2006, afirmou: "A democracia, a liberdade e a economia de mercado são os pilares para a construção de uma economia próspera". (Veja a entrevista)
O Fórum da Liberdade é realizado pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), uma entidade sem fins lucrativos com sede em Porto Alegre que tem por finalidade formar novas lideranças entre jovens empresários. Participam do IEE, que hoje conta com 200 associados, apenas sócios ou herdeiros de empresas com idade entre 20 e 35 anos. "O instituto foi criado em 1984 por um grupo de empreendedores que percebeu o despreparo do empresariado brasileiro para competir em um mercado livre global", diz Rafael Sá, de 32 anos, presidente do IEE. Passaram pelo instituto empresários que hoje estão na liderança de 42 entidades de classe e políticos como Paulo Afonso Feijó, vice-governador do Rio Grande do Sul. No evento da semana passada, foram divulgados dois estudos internacionais que refletem algumas das principais preocupações dessa nova geração empresarial: o Índice de Liberdade Econômica e o Índice Internacional de Direitos de Propriedade. O primeiro mede a facilidade com que se consegue, em diferentes países e regiões do mundo, começar um negócio, escolher um emprego, tomar dinheiro emprestado ou usar o cartão de crédito. O segundo avalia o grau de proteção à propriedade privada, inclusive intelectual, em cada nação – um fator essencial para os investimentos e a criação de empregos. O Brasil caiu de posição no ranking de ambos os índices. Ou seja, ainda há muito por fazer para difundir os valores da liberdade econômica e do respeito aos direitos de propriedade no país.