Apenas três horas depois do assassinio de Miss Bhutto, aliás Miss Ocidente como era carinhosamente conhecida no seu país, aqui o staff do blogue activou os seus correspondentes e culpou de imediato a Al-Qaeda, isto é, culpou uma invenção americana, uma organização que não existe. Passado dia e meio o Governo do Paquistão chegou à mesma conclusão, com a ligeira diferença de que para eles a Al-Qaeda existe e faz vídeos do Chefe a propósito de tudo o que convém ao establisment terrorista. Mesmo que hipoteticamente a figura de corpo presente nas televisões que é Bin Laden ainda insista em continuar a ser real, essa teoria levou uma valente machadada quando a ex-ministra Benazir Bhutto, logo após o regresso ao Paquistão para encenar a putativa democracia, se descaiu e a páginas tantas despejou a boutade na entrevista a David Frost em 2 de Novembro/2007: "Omar Sheikh (…) the man who murdered Osama Bin Laden" (a frase pode ser ouvida neste vídeo ao minuto 6.15).
Como assim? – voltando à tal entrevista, ao “Frost over the World”, quem é o “Omar Sheikh” referido como o mandante da liquidação de Bin Laden? – trata-se de Omar Saeed Sheikh, um agente do ISI, os mesmos serviços secretos que impediram o acesso a qualquer ficheiro da polícia de modo a que se investigasse o anterior atentado a Bhutto. Ela contou a Frost que pretendia uma investigação clara sobre a origem dos financiamentos dos terroristas, e acusou Sheikh de estar relacionado com o assassínio do repórter Daniel Pearl do Wall Street Journal; indo ainda mais atrás, o ISI é suspeito de ter providenciado o envio do dinheiro que supostamente financiou Mohamed Atta antes dos ataques de 11/9. É evidente que isto é uma invenção de paranóicos adeptos das teorias de conspiração, tanto que veio publicado no website do Wall Street Journal (escrito por James Taranto) que em 10 de Outubro de 2001 inquiria a Administração Bush nestes termos: “did the FBI uncover evidence that Lt. General Mahmood Ahmed, the Director of the Pakistani Intelligence Service (the ISI) authorize the wiring of $100,000 to Florida to Mohammed Atta (supposed hijack ringleader of the 911 attack) through Omar Saeed Sheikh?” . Como seria este envio de fundos para um banco na Flórida possível se, desde os testes nucleares efectuados pelo Paquistão em 1998, as contas bancárias no estrangeiro de todos os nacionais paquistaneses foram congeladas e o governo sujeito a um rigoroso embargo? Na realidade seria praticamente impossível. Salvo se depois do mandato de Clinton o governo estivesse a trabalhar em estreita colaboração com as autoridades americanas- se calhar foi para evitar que o Wall Street Journal continuasse a apresentar questões difíceis como esta, ou agendasse depois reportagens de investigação como a de Daniel Pearls, que o jornal recentemente foi vendido à isentíssima News Corp. de Ruppert Murdoch.
Sabendo-se então que Bush, CIA e Companhia suportam carinhosamente o regime militar paquistanês e controlam os meios de informação (para promover a indústria da guerra), ninguém se pode espantar ao ouvir o ex-agente R.G. Abbas do ISI afirmar que a CIA, o ISI e a Al-Qaeda são uma e a mesma coisa (1) – foi esta intima promiscuidade que fabricou a famigerada “Guerra ao Terrorismo” e tem à frente o Ditador a quem o Ocidente gostaria de ver agora despir a farda. Afinal, supondo que a estratégia seria a mesma que foi usada pelos EUA com a ferramenta Al-Qaeda para ajudar os Mujahdeen a combater a URSS no Afeganistão, e se como mencionou o FBI e noticiou o WSJ as pistas sobre a origem do 11/9 provinham do regime de Musharraf, seguindo a mesma lógica, eles não deveriam antes ter bombardeado o Paquistão?