Os bancos centrais agem Celso Ming
Política

Os bancos centrais agem Celso Ming




O Estado de S. Paulo - 16/09/2011
 
Coincidência ou não, no dia em que se completaram três anos após a quebra do Lehman Brothers - o evento que deflagrou a crise global de 2008 -, cinco grandes bancos centrais anunciaram operação conjunta de empréstimos em dólares para os bancos comerciais.
São eles: Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Banco Central Europeu (BCE, da área do euro), Banco da Inglaterra (BoE), Banco do Japão (BoJ) e Banco Nacional da Suíça (SNB).
A operação se destina a evitar crises de liquidez em dólares não só no bloco do euro, mas em todas as principais praças financeiras do mundo, em consequência do agravamento da crise de confiança
Essa crise de confiança é consequência da forte deterioração do valor de mercado dos títulos de dívida dos países da periferia do euro, especialmente de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha - conhecidos pela sigla Piigs, construída por suas iniciais em inglês.
Diante do aumento do risco de suspensão dos pagamentos (impossibilidade de honrar compromissos de dívida), esses títulos vinham sendo negociados no mercado secundário por alguma coisa entre 55% e 40% do seu valor de face. Como são seus maiores detentores, os grandes bancos europeus passaram a ser alvo de rejeição por aplicadores e acionistas - que ficou clara com a forte queda das suas ações nas bolsas globais (veja três exemplos no gráfico).
A falta de transparência sobre a real exposição de cada banco às dívidas sob risco colocou em marcha a crise de confiança e a virtual paralisação das operações interbancárias em dólares. Ou seja, os bancos deixaram de confiar nos próprios bancos por não saberem a quantas anda sua saúde financeira. Tudo indica que não tenha sido ainda um processo acabado, mas somente um princípio de colapso de crédito (credit crunch). Em todo o caso, a montagem dessa operação desmente o que há alguns dias vinham dizendo autoridades do bloco do euro: que não havia nenhum problema de confiança com os bancos europeus.
A iniciativa anunciada ontem mostrou determinação de enfrentar coordenadamente o problema. As três consequências imediatas foram a alta do euro (diante do dólar), a forte recuperação dos preços das ações dos bancos europeus e certa restauração do apetite por operações financeiras de risco. Nos próximos dias haverá condições para se ter uma percepção melhor da recuperação.
Essa é apenas uma medida destinada a controlar um dos focos do incêndio europeu. Não resolve nem de longe a crise das dívidas soberanas nem devolve saúde ao combalido euro. Mas demonstrou o quanto pode uma eficiente coordenação de vontades políticas.
Dá para dizer que há, sim, influência importante do colapso do Lehman Brothers sobre a decisão dos bancos centrais. É que, desde essa megaquebra e suas trágicas consequências, autoridade nenhuma poderá ficar espiando, inerte, ao naufrágio de uma instituição financeira importante. Tem de agir preventivamente. E é o que se viu agora.
CONFIRA
Em plena crise, os preços das commodities alimentares retomaram a alta das cotações, como mostra o gráfico.
Custo Brasil
No Brasil, a carga tributária média sobre a gasolina é de 38,61%; sobre o etanol, de 31,36%; e sobre o diesel, de 27,28%. É o que conclui o estudo da Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace), da Universidade de São Paulo. Essa carga tributária varia de Estado para Estado, em consequência da diferença de políticas para cobrança do ICMS, o principal imposto estadual.



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