Bruno Meier
Roberto Stuckert/Ag. O Globo | SUNGA HEROICA |
Recentemente convertida em repórter política, Sabrina Sato, do Pânico na TV, desembarcou em Brasília com a missão de descobrir um "senador super-herói". Encontrou Eduardo Suplicy, político e clown que já recitou letras dos Racionais MC e deu cartão vermelho para José Sarney. O senador petista aceitou desfilar com uma sunga vermelha de Super-Homem. Sabrina ajudou Suplicy a vestir o adereço, por cima da calça. A cena deveria ter ido ao ar no domingo 18. Não foi. A foto de Suplicy com a cueca heroica, estampada nos jornais, causou irritação e constrangimento em seus colegas. Falou-se em um processo por quebra de decoro. E o Pânico,programa especializado no assédio às celebridades, amarelou diante de um político: o quadro foi engavetado a pedido de Suplicy.
"Até meus três filhos me criticaram por vestir o calção", diz o senador (aliás, os filhos Supla e João estrelam o programa Brothers na Rede TV!, a emissora do Pânico). Suplicy ligou para a equipe do programa e foi convidado a assistir às imagens editadas na noite de sábado. Depois da exibição do vídeo, solicitou candidamente que as imagens não fossem ao ar. Emílio Surita, apresentador e líder da trupe do Pânico, alega que não houve tratamento especial ao senador – e que qualquer celebridade que se sinta incomodada por um quadro pode barrar sua exibição simplesmente ligando para a produção. "A gente tem um pouco de coração, ué’’, diz.
O Pânico tem um histórico de perseguições agressivas a celebridades – que desmente essa história de "ligou, barrou". Seus integrantes já esfregaram meleca no cabelo do ator Wagner Moura e usaram uma grua para filmar o interior do apartamento da atriz Carolina Dieckmann, em clara violação de sua privacidade. "Eles fazem graça com quem não quer entrar na brincadeira. Esperar que a gente telefone é muita audácia", diz Carolina, que processou o Pânico (e ganhou). Neste domingo, o programa exibe uma nova entrevista com Suplicy, na qual ele devolve a sunga a Sabrina. Na gravação, ele ainda presenteou a apresentadora com livros sobre suas ideias fixas. "Não entendo nada disso, mas vou ler e guardar para mostrar aos meus filhos e netos’’, diz ela. Surita agora se revela reticente com as investidas de seu programa no Congresso. "Mexer com política é complicado’’, diz. Vale lembrar que Surita, segundo relatou VEJA em 2007, já esteve envolvido em uns negócios mal explicados, de aquisição de emissoras de rádio e televisão, do seu cunhado Romero Jucá, outro senador governista. Política é mesmo um negócio complicado.