Pequeno grande João - NELSON MOTTA
Política

Pequeno grande João - NELSON MOTTA





O Estado de S.Paulo - 23/12/11


Amo o samba, mas nunca fui torcedor de nenhuma escola. Sempre fui fanático pelo Grêmio Recreativo e Revolucionário Joãosinho Trinta, vibrando e torcendo pela escola que ele comandasse, fosse a Beija-Flor ou o Salgueiro, a Grande Rio ou a Viradouro. Questão de estilo.

Tudo nele era grande, imenso, menos o nome e a altura. Joãosinho não foi apenas o maior e mais revolucionário carnavalesco da história da nossa folia, foi um dos nossos maiores artistas plásticos, cenográficos e coreográficos, com suas monumentais instalações vivas cantando e dançando no asfalto como uma ópera popular em movimento.

Como na máxima de Rita Lee, "brinque de ser sério, leve a sério a brincadeira", Joãosinho tratava o Carnaval com extremo rigor e seriedade, mas quando sua obra viva entrava na avenida brincava como criança, explodindo de alegria. É inesquecível a imagem de sua figura diminuta e esfuziante, de braços abertos, comandando a bateria, os passistas, os destaques e as alegorias monumentais que criava com sua mania de grandeza e beleza. Como na utopia de Caetano, Joãosinho queria "luxo para todos". Anárquico e libertário, encheu a passarela de mulheres e homens lindos e nus, ou quase, quebrando tabus e arrombando as portas da caretice em nome da beleza e da alegria. Ninguém foi mais censurado e proibido do que ele, ninguém ousou mais do que ele.

Porque Joãosinho acreditava na revolução da alegria, no poder libertador da festa, na força da beleza e do prazer. Mulato, índio, cafuzo, não tinha cor, representava a síntese de uma raça brasileira feita de sensualidade, imaginação e exuberância. Seus desfiles surpreendiam, provocavam e emocionavam por sua liberdade criativa no tratamento de temas históricos nacionais e mundiais, em que o Egito e a Índia se misturavam a São Luís do Maranhão e ao seu amado Rio de Janeiro.

Internacional e cosmopolita, abalou Paris com a Beija-Flor sambando no Champs Elysées durante a Copa de 98 e nos incontáveis shows que dirigiu na Europa e nos Estados Unidos, unindo o mais popular e o mais sofisticado do Brasil na imensidão de seu talento e de sua arte.



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