PiG foi para o lixo. Religião votou em Marina
Política

PiG foi para o lixo. Religião votou em Marina


Paulo Henrique Amorim


À direita, Serra, numa cerimônia nas águas do rio Tietê


Não tem mais PiG (*).

Não tem debate na Globo.

Não tem Erenice.

Não tem Eduardo Jorge.

Não tem jatinho da Natura.

Não tem James Cameron.

Nada disso deu voto à Marina.

O Conversa Afiada tinha dito “Dilma tem que conquistar o voto religioso”.

O jornal Valor foi fazer o que antigamente os jornais faziam: reportagem.

Hoje, como se sabe, o PiG (*) não tem mais reportagem.

Tem opinião.

Ou “reportagem” produzida por uma Central Lunus 2010, para destruir personalidades – de preferência a do Lula.

A pág. A16 do Valor de hoje traz reportagem sobre o voto em Marina em Sabará, Minas; na Grande Recife; em Piquete, no Vale do Paraíba, SP;  e em Volta Redonda, no Rio de Janeiro – áreas onde a Marina foi bem votada.

Em Sabará, não houve campanha da Dilma nem do Serra.

O Aécio só pediu voto para o Anastasia.

O vice prefeito é do PV.

Em Piquete, o que decidiu foi a forte religiosidade da região, que abriga a Basílica de Aparecida.

Ali se disseminou o rumor de que Dilma é a favor do aborto.

Em Volta Redonda, segundo o vice do Sergio Cabral, o Pezão, a instrução que líderes religiosos davam era clara: não votar na Dilma.

Em Recife, onde Eduardo Campos derrotou Jarbas de forma esmagadora, Marina se beneficiou do contágio do “segmento evangélico”.

Essa onda não foi “verde”.

Foi religiosa.

Quem acha que é “verde” é a urubóloga, que se abraça à Marina como uma bóia de salvação.

Marina é o último e passageiro vínculo do PiG (*) com o poder real.

Não adianta os malufistas do Bom (?) Dia Brasil dizerem que um assalto a uma carrocinha de pipoca no Paraná é culpa do Lula.

Pode desentocar o Eduardo Jorge.

A Erenice.

O mensalão.

Pode jogar a Globo no limite da desobediência civil – e da cassação da concessão.

Pode esconder as vaias ao Serra.

Pode a Folha (**) dizer que o PT vai tirar o aborto do programa – outra mentira, como demonstrou o Marco Aurélio Garcia.

Não adianta nada.

Esse voto foi para a Marina por mecanismo autônomo, inacessível à pregação Golpista.

Se você chegar em Sabará e perguntar pelo Alexandre Garcia, eles vão pensar que é o açougueiro.

Sorry, Ali Kamel, mas você não está nesse jogo.

Essa batalha se travará num campo já previamente inclinado a favor da Dilma.

Ela precisa de 3 milhões de votos e o Zé Baixaria, de 18 milhões.

A distância entre eles é de um eleitorado de Minas.

Nesse campo inclinado, a luta será entre a pregação visível, ostensiva, pública e transparente da Dilma.

E a treva da baixaria que beneficia o Serra.

De um lado, a disputa do voto dos religiosos, com argumentos que os convençam de que a Dilma apóia o aborto que está na Constituição: em caso de estupro ou de risco de vida.

De outro, a turma que se inspira nos baixios do Serra.

Este ordinário blogueiro sempre disse que a baixaria é a ultima arma do Serra.

Como diz o Ciro, que entende de Serra como ninguém: o Serra não tem escrúpulos: se preciso for, passa com um trator por cima da mãe.

A arma mais eficaz para beneficiar o Serra é a que foi usada no primeiro turno.

Espalhar o medo.

O “tenho medo” da Regina Duarte foi substituído pelo “tenho medo” do aborto.

Era o Golpe do Medo, agora é o Golpe do Aborto.

A essência é a mesma: Golpe.

Como o Bush: “tenho medo do Bin Laden”.

Como  enfrentar essa campanha sórdida, subterrânea ?

Aparentemente, a Dilma tomou medidas apropriadas.

Chamou o Ciro para desafiar o Serra no tom apropriado: aos berros.

Serra tinha dito que Ciro era um fósforo apagado.

Apagado ?, como ?, se ainda queima.

Eduardo Campo vai empenhar seus 80% em Pernambuco.

Sergio Cabral e Pezão os seus 65%.

Patrus, católico fervoroso, o homem do Bolsa Família, pode passar em Sabará e falar um pouco da Dilma.

Não precisa falar do Serra, porque, lá, nem o Aécio falou dele.

E os líderes religiosos que conhecem a Dilma, apoiaram a Dilma e agora vão para o horário eleitoral.

É só divulgar o que aconteceu com o Chalita.

Bastou ele romper com o Serra para ser perseguido por uma campanha abjeta nas redes sociais e no Youtube.

Serra está em casa.

É o seu habitat – a vala negra, que também corta a redação da Veja, essa escória, como diz o Ciro.

Agora, uma pergunta: quais são as credenciais para Serra herdar os votos da Marina ?

Credenciais “verdes”, ele não tem: basta respirar às margens dos rios que cortam a cidade de São Paulo.

Evandro Lins e Silva defendeu Samuel Wainer numa batalha judicial que Carlos Lacerda, outro pai do Serra (***), moveu contra ele.

Lacerda assegurava que Samuel tinha nascido na Bessarábia e, portanto, não podia ser dono da Última Hora.

A lei dizia que só brasileiro podia ser dono de jornal.

Evandro tinha lá as dúvidas dele.

Mas, a certa altura, Samuel apareceu com uma testemunha bomba: o rabino que o tinha circuncidado, na Tijuca.

Evandro me contou que, tempos depois, ele soube que o rabino, coitado, tinha caído na lábia do Samuel e mentiu.

Por hipótese, a equipe do Serra pode produzir duas testemunhas bombas, até o fim da eleição.

O membro do PCC que trabalhou para a Dilma.

E São João Batista que o batizou no Jordão.

Ou o rabino que o circuncidou.

Paulo Henrique Amorim

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é,  porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.

(***) Ciro diz que Serra é filhote do FHC. Fora do casamento ?, pergunta este ordinário blogueiro.



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