Prazo apertado RUBENS BARBOSA
Política

Prazo apertado RUBENS BARBOSA


O GLOBO - 08/11/11

No momento em que o Brasil completa sem brilho os Jogos Pan-Americanos, em que entramos na reta final do Campeonato Brasileiro e começam a ficar apertados os prazos para a organização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, o esporte virou notícia nas páginas policiais. A queda do ministro do Esporte, depois da abertura de inquérito pelo STF, junto com o ministro anterior, por desvio de recursos públicos através de ONGs, que deveriam atuar para ajudar o desenvolvimento de diferentes atividades esportivas, é mais um episódio lamentável em uma área que se tornou sensível politicamente por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.

Cresce, cada vez mais, a percepção de que o comando esportivo do país, do governo às entidades responsáveis pela organização das diferentes atividades, está defasado e necessita de reforma e faxina generalizada.

No caso do futebol, a estrutura personalista, não empresarial nem profissional na direção dos clubes, e a falta de um calendário que compatibilize os diferentes campeonatos regionais e nacionais com os compromissos internacionais dos clubes e da seleção justificam os comentários de Juca Kfouri, que, em artigo no atual número da revista “Interesse Nacional”, observa, com propriedade, que “na verdade, vivemos sem saber o que queremos ser quando crescer em matéria de política esportiva e não temos sido capazes de nos aproveitar das oportunidades que a globalização oferece, limitados ao papel de exportar matériaprima, com nos tempos da dependência do país essencialmente agrícola”.

Diante desse quadro negativo, quem haveria de supor que o Brasil está entre as maiores potências esportivas do mundo?

Recentemente, tomei conhecimento de um site, criado por três rapazes, fanáticos por esporte, que veio suprir uma lacuna: a ausência de um verdadeiro ranking mundial de países na prática de todos os esportes.

O site, criado em 2008, chama-se greatest-sportingnation.com e é atualizado mensalmente. Para organizar esse ranking, não foram poucos os desafios: como combinar esportes coletivos e competições individuais e como distribuir pontos em cada competição. Não estão incluídos, pela dificuldade de se aferir pontuação, campeonatos de clubes no futebol, no hóquei e no basquetebol, além de esportes motorizados (carros e motos) e envolvendo animais, com exceção dos equestres, por fazerem parte dos Jogos Olímpicos.

O ranking mundial das vinte primeiras potências esportivas, seguro indicador da pujança esportiva do país, é o seguinte: EUA, Rússia, França, China, Japão, Alemanha, Canadá, Austrália, Suécia, Áustria, Itália, Reino Unido, Coreia do Sul, Noruega, Brasil, Suíça, Espanha, Finlândia, Polônia e Holanda.

A posição de 15º lugar, ocupada pelo Brasil, tem grande significado e mostra o potencial do país, forte nos esportes coletivos pela habilidade individual de nossos atletas, e em novas e diferentes modalidades, graças à abnegação e ao talento de atletas que dividem a atividade esportiva com trabalho para conseguir sobreviver.

Caso tivéssemos um projeto esportivo, a situação do esporte no Brasil seria bem diferente.

Espera-se que o novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, possa desmontar os esquemas de apropriação indébita de recursos públicos pelo PCdoB. A seriedade e a honestidade do novo ministro são conhecidas, mas também terá de demonstrar eficiência e competência, quatro qualidades não facilmente encontradas hoje nas lideranças esportivas de nosso país.

O acompanhamento das obras de construção dos estádios para a Copa do Mundo e da gestão financeira dos recursos governamentais alocados para isso será uma das prioridades do novo ministro. Os preparativos para os Jogos Olímpicos, tanto para a infraestrutura física quanto para a seleção dos representantes brasileiros, demandarão atenção especial do Ministério do Esporte.

O desempenho fraco da representação brasileira nos Jogos Pan-Americanos é um sinal de alerta. Ainda há tempo para o planejamento e o desenvolvimento de um programa de apoio efetivo para preparar atletas para os Jogos Olímpicos de 2016.

RUBENS BARBOSA é presidente do Conselho de Comércio Exterior da Fiesp.



loading...

- London London
"Não deu"; "vai ficar para 2016 no Rio"; "fizemos o nosso melhor"...e por aí vai.  É o que mais se ouve nas transmissões esportivas dos Jogos Olímpicos pelas emissoras brasileiras. Uma lástima um país com dimensões continentais ficar bem...

- Dinheiro Sobrando
Do globo esporte.com: "A Confederação Brasileira de Futebol e o Governo do Estado de São Paulo decidiram nesta sexta-feira que o novo estádio do Corinthians será sede paulista dos jogos da Copa de 2014. Ainda não está garantido que o local receberá...

- Mudando De Assunto...
Saindo um pouco da política local.... Dica de um amante do bom futebol e ESPN maníaco: A ESPN apresenta hoje às 21 horas o primeiro jogo da série "Clássicos dos mundiais", onde serão transmitidos na íntegra, com narração e comentários atuais,...

- Jacques Rogge O Grande Perigo
O Globo - 02/03/2011 Na qualidade de líder do movimento esportivo global, o Comitê Olímpico Internacional tem obrigação moral e ética de proteger a integridade do esporte. Há muitos anos temos travado uma batalha contra o uso de substâncias...

- Mais A Sério- Ruy Castro
Folha de S. Paulo 27/8/2008 Lula da Silva disse em seu programa "Café com o Presidente" que considerou "razoável" a participação do Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim. Foi a sua média entre a atuação...



Política








.