Tenho viajado por cidades do interior do Ceará, conversado com pessoas. A situação das prefeituras é caótica. Com nenhuma exceção, prefeitos de todos os partidos são eleitos através de campanhas milionárias.
Campanhas regadas a bombas, festas, carreatas, onde o combustível utilizado é "financiado". Os acordos são feitos fatiando a prefeitura com membros do grupo políticos.
E quando o prefeito ganha é obrigado a manter os acordos políticos: alugueis de casas dos apoiadores, alocação de carros, motos, máquinas, diretores de escolas são os cabos eleitorais ou afilhados de cabos eleitorais. Radialistas que antes faziam "jornalismo verdade" são empregados na prefeitura. E assim o prefeito vai gerindo a prefeitura aumentando gastos com custeio e tornando a prefeitura incapaz de fazer investimentos.
Diante dessa situação, serviços básicos como saúde, educação, limpeza, saneamento básico vão se deteriorando. Casos como da prefeitura de Quixadá e Limoeiro, onde os prefeitos precisaram demitir funcionários são exemplos de como não definir prioridades e apontam como os prefeitos assumem as prefeituras engessados nas suas promessas eleitoreiras e acordos políticos.
Ao longo prazo, não vejo solução, se o Brasil não fizer uma reforma política e o povo(a maioria) desenvolver a consciência que as campanhas milionárias, como foi o caso de Russas, são um mal desnecessário. Russas está asfixiada pela campanha eleitoral de 2012, a mais estúpida e bagunçada de sua história.O fato é que a campanha eleitoral virou um grande negócio entre eleitores e políticos, onde o voto é uma mercadoria de valor cada vez mais alto.
Tenho dito que se o MP tivesse as condições necessárias para investigar as prefeituras, sobrariam poucos prefeitos. Com tantos municípios para investigar, o Brasil é um país pouco auditado e por isso temos tantos desmandos com dinheiro público nas prefeituras para pagar dívidas de campanhas eleitorais e outras necessidades dos prefeitos eleitos. E o povo paga caro por seus erros e por esta situação.