Sete ministros da presidente Dilma já caíram.
Sempre em razão de denúncias de corrupção ou tráfico de influência.
Em todos os casos, a mídia cumpriu seu papel. Investigou e manchetou. Impiedosamente.
A oposição botou a boca no trombone, como lhe cabe fazer. Mas desde sexta-feira o que se ouve é um Estrondoso Silêncio.
Sexta-feira chegou às livrarias "A privataria tucana".
De autoria do jornalista Amaury Ribeiro Jr, o livro trata de um milionário esquema de lavagem de dinheiro. Dinheiro que seria fruto de operações desde a época em que, no governo Fernando Henrique, o Brasil privatizou seu setor de telefonia.
O livro tem 340 páginas: 112 páginas são documentos. Documentos confidencias da CPI do Banestado, documentos obtidos em juntas comercias, e em paraísos fiscais. Personagens centrais do livro são o ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de OIiveira, e José Serra. Serra e alguns dos seus familiares.
Também na sexta-feira, a revista Carta Capital chegou às bancas com o mesmo tema: o livro de Amaury.
Na sexta a revista Terra Magazine entrevistou Amaury, no sábado o jornal da Gazeta informou, as redes sociais debatem desde então. E é só.
Nenhuma notícia nos telejornais, jornais, na chamada Grande Mídia. Só um silêncio ensurdecedor.
Se murmura que faltaria credibilidade a Amaury Ribeiro. Isso por ele ter sido indiciado pela Polícia Federal. Há um ano, sob acusação de espionar Serra e sua família.
Em seu livro, Amaury diz que investigava, isso sim, era a espionagem no ninho tucano. Da campanha de Serra contra Aécio Neves.
Perguntas: alguém invocou credibilidade do Sombra, aquele que recebia e pagava e levou à queda do governador Arruda?
E quando Roberto Jefferson denunciou o chamado mensalão? Os motivos que o levaram à denúncia, a sua carreira até então, silenciaram o noticiário? Não. E nem deveriam silenciar.
O policial João Dias, que recebia dinheiro como confessou, há pouco levou à queda do ministro dos Esportes, Orlando Silva.
O policial fez a denúncia dizendo ter um vídeo onde entregava dinheiro para o ministro ou os seus. O vídeo não existe. Mas o noticiário seguiu, fatos surgiram e o ministro caiu.
E Paulo Lacerda? O íntegro, o competentíssimo, honesto delegado que refundou a Polícia Federal? Lacerda deixou a Abin, foi para o exílio em Portugal por conta de um grampo eletrônico que nunca existiu.
Mas que serviu para começar a matar a operação Satiagraha. Aquela que prendeu Daniel Dantas. Dantas que também está no livro.
Os citados no livro A Privataria Tucana seguem em silêncio. A mídia, sempre pronta para investigar e manchetar, segue em silêncio. Um silêncio estrondoso. Se continuar assim, um silêncio profundamente revelador.
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