Política
R7:PT questiona silêncio de Serra sobre calote de “homem-bomba” em campanha tucana
R7
Partido cobra explicações sobre desvio de R$ 4 milhões de campanhas do PSDB
Nelson Antoine/Agência EstadoDilma e Serra trocaram farpas durante primeiro debate do segundo turno da corrida presidencial
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Do R7
Após a ofensiva da candidata Dilma Rousseff (PT) sobre o adversário José Serra (PSDB) no debate deste domingo (10), a militância petista passou a cobrar explicações do tucano sobre o suposto “calote” de R$ 4 milhões cometido pelo engenheiro Paulo Vieira de Souza. Conhecido como Paulo Preto, ele era homem de confiança do PSDB e foi diretor da Dersa (empresa de transportes do Estado de São Paulo). Abordado pela candidata durante o encontro, o assunto foi ignorado por Serra e ficou sem resposta. Nesta segunda-feira (11), pelo Twitter (serviço de microblogs), membros da coordenação da campanha de Dilma questionavam o silêncio do ex-governador paulista diante da ofensiva. O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, quer saber por que Serra não pediu direito de resposta à TV Bandeirantes quando Dilma lembrou o caso. “Dilma disse claramente que um assessor do Serra fugiu com R$ 4 milhões da campanha dele. Por que será que ele não pediu direito de resposta?”, afirmou Dutra.
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O caso veio à tona quando Dilma, ao ser questionada sobre a criação do Ministério da Segurança Pública, bandeira de Serra, lembrou as suspeitas de corrupção que envolvem o homem de confiança tucano.- É bom você lembrar, eu fico indignada com a questão da Erenice [Erenice Guerra, ex-ministra da Casa Civil que deixou o ministério após ver seu filho envolvido em denúncias de tráfico de influência], mas você devia lembrar também o Paulo Vieira de Souza, seu assessor que fugiu com R$ 4 milhões.Serra não respondeu à pergunta e não voltou ao assunto. Assessores e pessoas próximas ao candidato tucano estranharam as críticas de Dilma e o tom da presidenciável petista.Edinho Silva, presidente do PT-SP e coordenador da campanha de Dilma no Estado, também estranhou o fato de o candidato tucano não ter respondido à questão. “Não é que o tal do Paulo Preto existe e apareceu na campanha. E agora? [...] Nada de Paulo Preto na fala do Serra”, questionou.O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também chamou a atenção na web para a “fuga” de Serra do assunto. Porém, ele e Dutra disseram acreditar que o caso deve ganhar dimensões maiores na campanha após o encontro de ontem, como disse o líder petista: “Tenho certeza de que os repórteres investigativos de todos os jornais vão atrás dessa estória do assessor do Serra que sumiu com a grana”.O R7 procurou integrantes da coordenação da campanha de Serra para comentar o assunto nesta segunda-feira (11), mas nenhum tucano respondeu às ligações da reportagem. Pelo Twitter, os tucanos não falaram sobre o assunto.Entenda o casoEm agosto, reportagem da revista IstoÉ trouxe a denúncia do calote e informou ainda que Paulo Preto tem uma relação estreita com Aloysio Nunes, tucano que acabou de obter uma vaga no Senado por São Paulo e era chefe da Casa Civil de Serra. Não por acaso, o senador recém-eleito deixou o debate de domingo entre os segundo e terceiro blocos e saiu falando ao telefone evitando falar com jornalistas.“As relações de Aloysio e Paulo Preto são antigas e extrapolam a questão política. Em 2007, familiares do engenheiro fizeram um empréstimo de R$ 300 mil para Aloysio. No final do ano passado, o ex-chefe da Casa Civil afirmou que usou o dinheiro para pagar parte do apartamento adquirido no bairro de Higienópolis e que tudo já foi quitado”, diz a reportagem da IstoÉ.A revista diz que “segundo dois dirigentes do primeiro escalão do PSDB, o engenheiro arrecadou “antes e depois de definidos os candidatos tucanos às sucessões nacional e estadual”. Os R$ 4 milhões seriam referentes apenas ao valor arrecadado antes do lançamento oficial das candidaturas, "o que impede que a dinheirama seja declarada, tanto pelo partido como pelos doadores”, relata a revista.A IstoÉ diz ainda que “até abril, Paulo Preto ocupou posição estratégica na administração tucana do Estado de São Paulo”. Foi diretor de engenharia da Dersa, estatal responsável por obras como a do Rodoanel, “empreendimento de mais de R$ 5 bilhões, e a ampliação da marginal Tietê, orçada em R$ 1,5 bilhão – ambas verdadeiros cartões-postais das campanhas do partido”. Mas, segundo a reportagem, “Paulo Preto foi exonerado da Dersa oito dias depois de participar da festa de inauguração do Rodoanel”.A portaria, publicada no Diário Oficial em 21 de abril, não explica os motivos da demissão, “mas deputados tucanos ouvidos por IstoÉ asseguram que foi uma medida preventiva. O nome do engenheiro está registrado em uma série de documentos apreendidos pela Polícia Federal durante a chamada Operação Castelo de Areia, que investigou a construtora Camargo Corrêa entre 2008 e 2009".A reportagem da revista ouviu tucanos que o acusaram de ter arrecadado os tais R$ 4 milhões em nome do PSDB para as campanhas eleitorais deste ano e de não ter levado o dinheiro ao caixa do comitê do presidenciável Serra. A IstoÉ também ouviu Paulo Preto, que nega a arrecadação de recursos e diz que virou “bode expiatório”.O engenheiro não é filiado ao PSDB, mas tem uma longa trajetória ligada aos governos tucanos. A revista conta que ele ocupou cargos no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso e, em São Paulo, atuou na linha 4 do Metrô, no Rodoanel e na marginal Tietê.Outra acusação que pesa sobre o “homem-bomba” tucano, segundo definição da revista Veja, é o envolvimento do seu nome na operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, que investigou a empreiteira Camargo Corrêa entre 2008 e 2009. Embora não tenha sido indiciado, Paulo Preto é citado em uma série de documentos. Um dos papéis indica que o ex-diretor da Dersa teria recebido quatro pagamentos mensais de pouco mais de R$ 400 mil, o que ele nega.Paulo Preto foi exonerado da diretoria da Dersa em abril deste ano, quando Alberto Goldman assumiu o governo de São Paulo no lugar de Serra. Em entrevista à IstoÉ, o ex-diretor diz que até hoje não foi informado sobre o motivo da demissão.
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