“Os antigos Gregos (Estrabão, Heródoto, Plutarco e Homero) e os Romanos (Tito Lívio, Cornélio Trácio e outros) deixaram escritos em que se referiam aos habitantes do Leste da região onde se situa hoje a Geórgia como os povos Ibéricos do reino de Cartli (segundo as fontes gregas com origem no termo Iberoi) e aos povos mais a ocidente dessa região do Caucaso como os Colchis” – isto pode ler-se na obra de David Braund “a Geórgia na Antiguidade: a História dos Colchis e da Ibéria Transcaucasiana 550 AC – 562 DC, pag. 17 e 18”
Permanentemente acossada pelas tribos guerreiras nómadas do Império Mongol, a terra dos Colchis transformou-se em região tampão nas lutas entre os poderes rivais Persas e Bizantinos em que a zona mudou de mãos por diversas vezes; e o antigo reino, no principio da Idade Media desintegrou-se em várias regiões de feudo lideradas por cabos de guerra tribais. Tal facto facilitou a conquista de toda a região da Geórgia pelos Árabes no século VII
Os Árabes conquistaram a capital Tbilisi no ano 645 DC, mas os povos da Cartli-Ibéria mantiveram alguma independência e liberdade sob as regras legislativas árabes. Estava aberta para a Diáspora destes povos semitas o caminho até à fundação de uma colónia na Nova Ibéria (onde vieram a estabelecer-se no centro, na região de Toledo, chamada de Tulaytula depois que os árabes a conquistaram ao rei visigodo Rodrigo), vindos através da grande estrada do Norte de África dominada pelo novo Império dos Omiadas (com o centro para além do estreito de Gibraltar, a norte, em Córdoba) e pela expansão do Islão que durou com esplendor até aos anos da Reconquista cristã. É possivel que as primeiras tribos semitas tenham chegado à peninsula ainda no tempo dos Romanos, mas, este percurso histórico, e aquilo a que os Judeus chamaram depois “as terras de Sefarad” (palavra que significa "Espanha", um termo moderno cunhado já em tempo dos reis católicos) encaixa perfeitamente na tese de Shlomo Sand: que o povo judeu é uma invenção e que se formaram na conversão à religião de Judas pelos caminhos da diáspora pelo norte de África. Aliás, como é sabido, os clássicos gregos foram primeiramente traduzidos pelos árabes de Toledo, que legaram ao Ocidente o manancial de conhecimento materializado na biblioteca de Alfonso X o Sábio.
Sempre existiu pois uma similaridade entre os Povos Ibéricos do Leste e do Oeste, entre os habitantes da peninsula Ibérica e a ideia de parentesco destes com os povos da Ibéria Caucasiana (o circulo de giz caucasiano faria outra parte importante das migrações semitas estabelecerem-se na Europa central). Isto é reconhecido por diversos autores antigos e do periodo medieval, embora existam discordâncias sobre as diversas origens. E a teoria pareceu ser bastante popular na Geórgia – o proeminente escritor religioso Giorgi Mthatzmindeli, que viveu entre 1009 e 1065 e se celebrizou como George do Monte Athos, escreveu sobre o desejo dos nobres georgianos viajarem para a Península Ibérica a fim de visitarem “os Georgianos do Oeste”, a expressão com que ele os chamou.
Em abono da impossibilidade da colónia de Sefarad se ter estabelecido nessa época pelos caminhos hostis dos Khazares e pelos Reinos bárbaros da Europa dos Ávaros e dos Francos, existe uma pequena curiosidade: o mito que a gaita-de-foles como instrumento de origem celta chegou ao Reino Galaico- Português pelo Norte da Europa - o instrumento tem praticamente o mesmo nome na Bulgária (Gaida) e julga-se ter origem na antiga Trácia, (transitando depois pela antiga Bulgária do Volga) pelo que se terá espalhado posteriormente pelos Balcãs e pela Europa a partir da Grécia e não vindo das brumas Celtas do Norte