Soldados feridos - Aloizio Mercadante.
Política

Soldados feridos - Aloizio Mercadante.


Soldados feridos

ALOIZIO MERCADANTE – O GLOBO

Elcio Inocente, Rodrigo de Oliveira, Toninho Messias e Roberto Luis Florin. Você não conhece esses nomes.

Mas devia. São nomes de heróis desconhecidos do Brasil, soldados feridos na linha de frente da batalha contra o crime.

Elcio tentava proteger a vítima de um sequestro. Levou três tiros. Um atingiu sua coluna e o deixou paraplégico.

Depois, perdeu um rim e teve que fazer hemodiálise. Salvou-se graças a um transplante. Hoje luta, assim como os demais, pela segurança pública, como presidente da Associação dos Policiais Militares Portadores de Deficiência do Estado de São Paulo (APMDFESP). Rodrigo de Oliveira, pai de portador da Síndrome de Down, recebeu um estilhaço quando perseguia assaltantes. Também ficou paraplégico. Em homenagem na PM paulista, comoveu a todos ao fazer questão de receber a sua condecoração de pé, apoiado na sua mulher. Toninho Messias, ao tentar evitar, fardado, o roubo de sua moto, levou quatro tiros de calibre 45. “Vaso duro de quebrar”, como ele mesmo me disse, inacreditavelmente Toninho sobreviveu. Mas, como os outros, tornou-se paraplégico. Roberto Luis Florin estava em casa, quando ela foi assaltada. Os bandidos já saíam, quando repararam na farda da PM paulista no armário. Esmagaram a cabeça do Roberto com um bloco de concreto. Ele está em coma há seis anos. Não pode mais lutar, mas inspira a luta de todos.

Conversei com o Élcio, o Toninho e o Rodrigo e vários outros com histórias comuns. Embora profundamente feridos, eles não desistiram da sua justa reivindicação por remuneração digna e melhores condições de trabalho para os soldados que lutam com grande sacrifício por nossa segurança.

Não desistiram do combate contra o crime e, acima de tudo, não desistiram da vida.

Quem não pode desistir são alguns governos estaduais. Os últimos dados sobre o crime em São Paulo, por exemplo, são desanimadores. A criminalidade voltou a crescer em 2009, especialmente no interior. Os homicídios aumentaram 16% no interior paulista. Essa súbita deterioração das condições de segurança em São Paulo parece ter relação com uma política pública inconsistente, que leva a decisões equivocadas. Uma delas foi a implantação do Adicional por Localização de Exercício (ALE), que beneficia os policiais da capital, em detrimento dos policiais do interior.

É medida que está produzindo resultados ruins, e deve ser revista.

Na realidade, São Paulo precisa de uma nova política de segurança.

Claro que a situação da segurança pública não é precária apenas em São Paulo. Trata-se de problema nacional, que atemoriza a população, inibe investimentos e atinge todas as cidades brasileiras. Por isso, o governo federal dá agora apoio às ações dos governos estaduais, inclusive mediante a valorização dos policiais. No Senado Federal, aprovamos também vários projetos relevantes, como as videoconferências, monitoramento eletrônico de condenados, combate às organizações criminosas, agravamento da pena para quadrilhas que se utilizam de menores na prática de delitos, critérios mais rigorosos para progressão de pena, entre outros.

Mas é preciso muito mais.

Não há mágica. Se quisermos ter segurança, precisamos investir de verdade no aparelho policial e trabalhar todos em conjunto. É por isso que o Élcio, o Rodrigo e o Toninho estão empenhados na aprovação de piso nacional para as polícias civis e militares. É reivindicação justa e necessária, que o Senado já aprovou.

Com o piso e bons planos de carreira teremos polícias eficientes, à altura da sofisticação do crime organizado.

As polícias estaduais precisam seguir o exemplo da Polícia Federal, hoje instituição modelo, graças aos investimentos nela feitos.

Não podemos lembrar das polícias apenas quando, em pânico, ligamos para o 190. As feridas físicas do Elcio, do Rodrigo, do Toninho e do Roberto são indeléveis. Mas talvez as feridas que mais doam neles sejam as feridas psicológicas originadas pela falta de reconhecimento do seu valor profissional e do seu sacrifício pessoal. Em relação às primeiras, não podemos fazer nada. Porém, podemos fazer tudo, no que tange às outras. Vamos aprovar o piso nacional, valorizar o trabalho policial e curar as feridas desses soldados.

ALOIZIO MERCADANTE é senador (PT-SP).



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