A superbanda larga, que já está disponível no Brasil, permite entrar num mundo no qual a TV, a internet e o cinema são uma coisa só
Carlos Rydlewski
O VELOCÍMETRO DA WEB A ilustração mostra o tempo gasto com o download de um filme em alta definição. Em 1999, com conexão de 56 Kbps, demoraria mais de um mês. Hoje, com 100 Mbps, leva trinta minutos |
Uma maravilha tecnológica ansiosamente aguardada está à disposição dos brasileiros desde o início deste ano: as conexões residenciais de superbanda larga. Dá-se esse nome a velocidades de download acima de 30 megabits por segundo (Mbps). Agora, a mais poderosa banda larga residencial oferecida no país é de 100 Mbps. Isso significa baixar um arquivo 100 vezes mais rápido do que com a conexão mais comum no Brasil, que é de 1 Mbps. A comparação é ainda mais massacrante se for feita com uma antiga conexão discada, daquelas com modem de 56 Kbps – a superbanda é simplesmente 2 000 vezes mais veloz. Dez milhões de brasileiros dispõem de banda larga. No mundo todo, são 325 milhões de assinaturas, número que triplicou desde 2003.
Por enquanto, a oferta dos 100 Mbps é restrita – e custa caro. Mas, como tudo no mundo digital, a tendência dos preços é derreter. A Oi cobra 990,90 reais mensais por esse tipo de serviço, em cinco capitais (Brasília, Curitiba, Goiânia, Porto Alegre e Florianópolis). A Telefônica lançará serviço semelhante neste ano em São Paulo. A NET está realizando testes em alguns bairros paulistanos e cariocas com redes de 60 Mbps, mas que podem atingir 300 Mbps. A operadora GVT, que atua mais fortemente no Sul do país, também estuda entrar nesse mercado. "Todas as empresas estão tateando para entender como as pessoas usam essa superbanda larga em casa e decidir qual o melhor momento para investir maciçamente nesse serviço", diz Cícero Olivieri, vice-presidente de Engenharia da GVT.
Uma vantagem imediata dos 100 Mbps é permitir o acesso a filmes em alta definição na internet. Imagens em movimento são fardos pesadíssimos de bits e não funcionam bem com a banda larga de pequena capacidade. O YouTube, site especializado em vídeos, usa sozinho mais banda que a web inteira utilizava em 2000. É por isso que a velocidade das novas conexões faz diferença na casa dos brasileiros. Para especialistas, com os 100 Mbps de velocidade, teremos a fusão de duas telas: a da internet e a da TV. A superbanda facilita também a disseminação de videoconferências em alta definição, jogos on-line, além da oferta de serviços de educação e medicina a distância.
A atual rapidez das conexões está associada a aprimoramentos tecnológicos (softwares e infraestrutura) das redes de fio de cobre (empresas de telefonia) e de cabos (TVs pagas). Mas é a fibra óptica, criada no início dos anos 50, o meio mais eficaz de conduzir dados. Levada à casa dos consumidores, permite velocidade de 600 Mbps, sem perdas no trajeto – o que não ocorre com o cabo e o cobre. Mas 100 Mbps é muito? É bastante para conexões residenciais, mas insuficiente para que grandes arquivos sejam manipulados na web com a mesma destreza com que uma pessoa folheia um livro real. É por isso que ninguém duvida que ainda é necessário pisar muito mais fundo no velocímetro da ilustração acima.
CONEXÕES MAIS RÁPIDAS
No Brasil, as ligações de banda larga residenciais mais velozes vão de 30 Mbps a 100 Mbps. Abaixo, duas experiências com a internet em alta velocidade
CORTES E INTERNET O cabeleireiro Manoel Aragão, de São Paulo, faz da banda larga de 30 Mbps uma aliada nos negócios. Os clientes, muitos deles arquitetos e fotógrafos, aproveitam a sala de espera do salão como escritório improvisado. "Também aproveito a rede para baixar filmes e me divertir", diz Aragão |
Oscar Cabral |
SEDE DE BANDA O geólogo Silvio Castro mora no Leblon, no Rio, e presta serviços para empresas petrolíferas. Usa banda larga de 60 Mbps para trabalhar em casa. Ainda assim, quer mais. "Lido com muitas imagens e poderia perder um dia inteiro fazendo o download de um arquivo", diz |