Tomara que ela acerte
Política

Tomara que ela acerte



Se for primeira-ministra de Israel, Tzipi Livni poderá
 fazer a paz com vizinhos árabes – ou apertar o botão 
da guerra com ataque às instalações nucleares do Irã


Vilma Gryzinski

David Silverman/AP

O gesto de Condoleezza Rice, a secretária de Estado americana, parecia dizer: vai com calma. Mas Tzipi Livni, atual ministra das Relações Exteriores de Israel, está com a maior pressa. Quer ser primeira-ministra, e logo. Terá sua chance no próximo dia 17, quando Ehud Olmert deixará o cargo, enxovalhado por envelopes de dinheiro que entravam em seus bolsos via empresário amigo e outras ilicitudes. Livni é a favorita para ganhar a eleição pela liderança do partido majoritário, o Kadima, e formar o novo governo. Caso se torne a primeira mulher no comando desde Golda Meir, poderá caber a ela fazer, por fim, uma paz abrangente, incluindo palestinos, Líbano e Síria. Ou apertar o botão, metafórico mas terrível, de um ataque contra as instalações nucleares do Irã (no cenário mais  apocalíptico, o Irã retalia com mísseis e Israel responde com uma bomba atômica). Aos 50 anos, casada, dois filhos, vegetariana, fama de honesta e, na descrição de uma amiga, "150 de QI" – o que em Israel pode ser linguagem figurada ou não –, Tzipi Livni tem uma biografia que parece inventada. Com 22 anos, foi ser agente do Mossad. Agente de campo mesmo, baseada em Paris. Depois, estudou direito. Entrou para a política por intermédio do linha-duríssima Ariel Sharon e, com ele, caminhou uns poucos passos em direção ao centro. A mãe de Livni, que como o pai foi militante do Irgun, grupo sionista radical, enfrentou as críticas dos velhos colegas para os quais era anátema devolver territórios aos palestinos, como aconteceu com Gaza. Até morrer, em outubro passado, dizia a única coisa possível para uma mãe judia: "Minha filha tem sempre razão". Tomara que tenha acertado.




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