Treze tristes crises VINÍCIUS TORRES FREIRE
Política

Treze tristes crises VINÍCIUS TORRES FREIRE



FOLHA DE SP - 14/08/11
Algumas ideias céticas sobre conversas fiadas e ideologia na semana de tumulto na crise mundial

1) PARA CADA grande e sério economista dizendo que deve ser feito "A" na economia dos EUA, há um dizendo "não A": o contrário;
2) É infinito o vexame da S&P, que rebaixou a nota de crédito do governo dos EUA. Logo a seguir, a procura por títulos americanos foi tanta que seus preços voaram e, pois, os "juros" tiveram baixa recorde. Os EUA pagam juro real zero para se financiarem em empréstimos de prazo de até uma década. O retorno dos papéis dos EUA de até dez anos é agora menor que zero, em termos reais: menor que a inflação;
3) "O número de insensatos é infinito, e os perversos dificultosamente se corrigem", dizia o Eclesiastes. Sim, Velho Testamento. Bíblia;
4) "A França e seus bancos estão quebrando", a gente ouviu na semana. Isso porque as ações de bancos caíam, em parte devido à especulação de abutres (que, no entanto, são bons em sentir o odor de carniça). Uhm. O custo de financiamento dos bancos europeus cresce, pois estão mais expostos ao risco de calote dos governos da eurozona. Mas o problema ora está longe de asfixiá-los;
5) As ações de bancos americanos grandes caíram tanto ou mais do que as de seus pares franceses. A ação do maior banco alemão também despencou. Todas caíram mais que as Bolsas de seus países;
6) Note-se que a Bolsa alemã caiu tanto quanto a francesa, desde o pico (mais de 20%). Note-se ainda que, se Itália e, pior, França vão à breca, a Alemanha está frita. A eurozona é a freguesia segura da fábrica alemã. Alguém fala da Alemanha? Dois pesos, duas medidas;
7) A França paga juro anual de 3% para tomar empréstimos de dez anos. Esse não parece ser o custo de crédito de quem está quebrando já;
8) As ações de bancos italianos caíram menos nesta semana que as de seus pares europeus. Porém, há uma lenta "corrida bancária" na Itália: as pessoas aos poucos tiram dinheiro dos bancos italianos;
9) O custo da dívida de Espanha e Itália não foi à lua porque o Banco Central Europeu renegou outra vez sua fé e suas regras e começou a comprar papéis da dívida de Itália e Espanha (financiando indiretamente esses governos). E então a gente esqueceu de Espanha e de Itália, para nem falar de Grécia e cia.;
10) Mas o BCE diz que não vai ser bombeiro da crise da dívida "ad infinitum". Quer que o "governo" da Europa se vire para financiar ou dar um jeito no rombo de Grécia e cia. Espera que isso aconteça em setembro. Mas a Europa continua dividida e sem saber o que fazer. Esse tumulto voltará, em breve. Vai ser feio;
11) Bancões dos EUA ainda estão bichados devido a títulos baseados em financiamentos imobiliários, que deram origem à crise de 2008. Sofrem processos de investidores que querem reparações pesadas por terem comprado esses papéis podres;
12) Dizem que a política do Fed, o BC dos EUA, "não funcionou". Na prática, o Fed emprestou dinheiro para empresas e bancos, sustentou o valor dos ativos deles: impediu um colapso em 2008. Sua política de juro cada vez mais zero e de despejar dinheiro na praça permite a redução do peso da dívida das famílias, sem o que o colapso do consumo seria ainda maior que o visto agora;
13) O mercadismo só fala em cortar dívida de governos. O que deve dar em mais recessão. Em menos receita para pagar as dívidas. Em mais dívidas. Em mais crise.



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