Um remédio contra a narcolepsia
Política

Um remédio contra a narcolepsia


Arma contra um pesadelo

Chega ao país o primeiro remédio para a narcolepsia, doença em
que o paciente é acometido por surtos irresistíveis de sono


Adriana Dias Lopes

Lailson Santos
Sono incontrolável
Durante três anos, o estudante Renato Albers foi refém da narcolepsia: dormia várias vezes ao dia, em qualquer lugar


O estudante paulista Renato Albers passou três anos de sua vida com muito (muito) sono. Dos 16 aos 19 anos, ele vivia dormindo pelos cantos – não importava o lugar em que estivesse. "Eu não conseguia me segurar", diz o rapaz, hoje com 23 anos. "Por mais que tivesse descansado à noite, durante o dia eu simplesmente apagava em vários momentos." Por causa da sonolência excessiva, fruto de uma doença chamada narcolepsia, Albers chegou a ser chamado de preguiçoso, vagabundo e drogado. Com 3,3 milhões de vítimas no mundo, 90 000 delas no Brasil, a narcolepsia se caracteriza por ataques repentinos de sono. Até recentemente, o arsenal para o controle da doença restringia-se a medicamentos estimulantes, como os anorexígenos e o metilfenidato, vendido sob o nome comercial de Ritalina e usado tradicionalmente contra o transtorno de déficit de atenção. Com a Ritalina, Albers conseguiu controlar o sono, mas se tornou ansioso e engordou mais de 10 quilos. Agora, supõe-se, a vida dele pode melhorar. Acaba de chegar ao país o primeiro remédio com indicação específica para narcolepsia. Trata-se da modafinila, princípio ativo do Stavigile, do laboratório Libbs.

A medicina ainda não desvendou com precisão as causas da doença. O que se sabe é que o distúrbio neurológico está associado a fatores genéticos e ambientais. Como resultado dessa combinação, tem-se um desequilíbrio na química cerebral responsável pela vigília, mais especificamente nos níveis de hipocretina, substância que nos mantém acordados. "O narcoléptico tem quantidades reduzidíssimas, quase zero, de hipocretina", diz o neurofisiologista Flávio Alóe, do Hospital das Clínicas de São Paulo. O novo medicamento aumenta os níveis dessa substância. Graças a essa ação específica, a modafinila reduz, de acordo com o fabricante, os riscos de reações adversas graves. Os efeitos colaterais mais comuns são semelhantes aos dos provocados pelo consumo excessivo de cafeína, como boca seca e dor de cabeça.

Aprovada nos Estados Unidos no fim da década de 90, a modafinila teve seu uso desvirtuado. Estima-se que cerca de 20% dos 80 milhões de comprimidos consumidos anualmente no mercado americano são receitados para quem não tem nenhum problema de saúde, mas quer (ou precisa) se manter acordado. Entre seus principais usuários estão os estudantes universitários e os integrantes das Forças Armadas. Cada pílula de 200 miligramas mantém a pessoa alerta por até oito horas – sem que ela sinta um pingo de sono ou fique com a sensação de ressaca típica da falta de descanso. "Não há, no entanto, estudos comprovando a segurança do remédio em pessoas saudáveis", adverte Luciano Ribeiro Pinto, neurologista da Universidade Federal de São Paulo. Se você precisar ficar acordado, o melhor mesmo é recorrer ao café.




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