Uma das sobreviventes...
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Uma das sobreviventes...



... é minha vizinha de apartamento em Niterói, que me inspirou escrever uma crônica (já publicada) que reproduzo aqui:

Figura singular

Zezé – é como ela é chamada.
A conheci quando cruzamos no corredor do andar do prédio onde tenho apartamento em Niterói. Saudamo-nos com um aceno de cabeça e um “bom-dia” ou “boa-tarde” (não me lembro).
Depois estivemos juntas no elevador, onde rola quase sempre aquele papo que quebra o silêncio: - Que dia quente, hein!? Será que chove no fim da tarde?... Mas achava nela um quê de quem tinha uma bela história para contar.
Meses atrás fui surpreendida por um telefonema seu. – Desculpe! Consegui o número do seu telefone aí de Campos com o zelador. E relatou-me que encabeçava uma lista de interesse do condôminos e gostaria do meu aval. Após exposição minuciosa dos fatos, marcamos encontro para a minha próxima ida a Niterói.
Graças à sua garra e determinação conseguiu mobilizar vários moradores (inclusive os mais idosos), acertar pendências e aparar arestas que incomodavam a muitos e que poucos tinham coragem de questionar. E aquela velha máxima “Você quer mudar o país, mas não vai nem à reunião do condomínio?!” ficou martelando minha cabeça por alguns dias.
Agora, há pelos cantos um perfume de paz; há no rosto dos porteiros um sorriso novo e há, acima de tudo, um clima de amizade e cordialidade no convívio diário entre os moradores.
Seria talvez uma história comum não fosse a destemida Zezé alguém que superou as cicatrizes que a vida lhe conferiu.
Assim ...
Tarde de sábado. Estava eu em seu apartamento quando ela abandonando a máquina de costura saiu contando: “Foi em dezembro de 61. Incêndio do Gran Circus Norte-Americano... Sou sobrevivente daquela tragédia. Tinha 9 anos. Minha primeira ida e talvez a única ao circo. Estava extasiada. A apresentação dos trapezistas era algo tenso e belo. Ao se lançarem para a troca de balanços, uma fagulha no alto da lona. Em questão de segundos, a fatalidade. Desespero. Pessoas perdidas, pisoteadas e mortas. Trezentos e cinqüenta de imediato, mais tarde contabilizada em quinhentos. O maior incêndio do mundo em ambiente fechado, dizem. Só me recordo do fogo em meus longos cabelos. Sai atrás de um elefante que atravessou a lona rasgada. O seu urro ecoa em meus ouvidos até hoje.”
Após a descrição dolorosa, apanhou na estante um bibelô: um elefante tendo ao lado o filhote.
Eu e Zezé nos tornamos amigas. Em um bate-papo saí-me com esta (referindo-me às mudanças no prédio): - Você é poderosa! Fez o “circo” pegar fogo! Ela sorriu gostando da brincadeira e acrescentou: - Viver é ter alma de trapezista. É preciso saber a hora certa de dar o salto.



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