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O fim dos rótulos

Celso Junior/AE
O neoliberal e o estatista?
Rótulos fora, companheiros, que
a crise exige medidas pragmáticas como as tomadas por Meirelles e Mantega


Uma guerra externa popular é a melhor receita para unificar um país. A história tem incontáveis exemplos dessa máxima. O Brasil, com uma Constituição que proíbe as guerras de conquista e uma têmpera avessa ao confronto armado, tem na crise financeira e na recessão econômica que dela pode se originar, se não a chance, a obrigação de se unir para fazer uma guerra contra os efeitos adversos de uma possível estagnação. Nessas horas, as ideologias precisam ser deixadas de lado em favor da visão clara dos problemas, de seu mais exato diagnóstico e da escolha pragmática das medidas a ser tomadas. Para surpresa de muitos, é exatamente o que está ocorrendo agora no Brasil.

Mostra disso foram os depoimentos de Guido Mantega, ministro da Fazenda, e Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, feitos no Senado, na semana passada. Mantega é petista de carteirinha e desde sempre um dos mais influentes economistas do partido. Meirelles vem do mercado financeiro, no qual, como banqueiro, chegou ao topo de uma instituição internacional, o BankBoston. Portanto, para ficarmos nos rótulos, Mantega é estatista e Meirelles, neoliberal. Pois foi o petista o autor do apelo aos parlamentares para que "não aprovem mais medidas que aumentem os gastos com funcionalismo e Previdência". O neoliberal Meirelles disse que não vê problemas nas atuais intervenções do estado na economia.

A crise atual terá prestado um grande serviço se contribuir para que tais rótulos sejam tornados obsoletos, como estão sendo, por meio de medidas sensatas e pragmáticas. As repercussões do acordo firmado na semana passada entre o Banco Central do Brasil e o Fed, o banco central americano, para repasse de 30 bilhões de dólares em caso de necessidade também se desviaram da mesmice do passado recente. O acordo escapou de ser condenado, por um lado, como prova da "fragilidade da política externa antiamericana" e, por outro, como mais uma "imposição colonialista do grande irmão do norte". O acordo não é neoliberal nem estatista. É apenas bom. Mesmo um empréstimo do FMI, se necessário e oferecido em condições aceitáveis, pode ser tomado sem que um lado fique jogando na cara do outro toda a carga emocional que essas três letrinhas carregaram no passado. Isso tudo é sinal do entendimento de que o Brasil está inserido na economia mundial de modo tão intenso que hoje somos parte tanto dos problemas quanto das soluções.




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