VINICIUS TORRES FREIRE Uma historieta da banca sob Lula
Política

VINICIUS TORRES FREIRE Uma historieta da banca sob Lula


FOLHA DE  S PAULO


Desde 2003, vem diminuindo a participação relativa dos bancos estrangeiros e do BNDES no estoque de crédito

MAIS DO QUE sabido e até motivo de quizila entre o ministro da Fazenda e banqueiros, os bancos estatais foram responsáveis por cerca de 80% da expansão do estoque de crédito desde o estouro da crise. Mas qual foi o perfil da atuação de públicos e privados nos anos Lula ou FHC?
De início, pode-se dizer que em 2009 foi a primeira vez em que se verificou uma nítida atuação de bancos públicos com o fim de atenuar um ciclo de baixa econômica. Até porque nos anos FHC e, ainda pior, nos anos de hiperinflação, é muito difícil fazer tal tipo de avaliação.
Nos anos FHC, em vez de ciclos, a economia viveu choques recorrentes. Houve ainda privatizações e liquidações de bancos públicos, liquidação de bancos privados, a entrada de estrangeiros, a cobertura de rombos nos estatais malversados; enfim, a grande reforma do sistema bancário. Foram tantas mudanças que fica difícil discutir um comportamento típico da banca pública ou privada.
Segundo, nota-se que, logo no início de Lula, a fatia dos bancos públicos comerciais no estoque de crédito cresce bem. Da média de 18% do crédito, em 2002, a fatia dos estatais passa a 21% em meados do primeiro ano de Lula e flutua em torno disso até o estouro da crise, em setembro de 2009 (nessas contas, excluiu-se de propósito o BNDES, uma categoria à parte). Os bancos privados nacionais ficam com uma parcela de uns 50,5% do início de Lula até meados de 2007, quando o crescimento econômico se acelera. Em setembro de 2008, tal participação chega a 53%. Pós crise, em junho de 2009, os privados nacionais voltavam a 50%; os estatais comerciais iam a 26%.
A mudança mais notável e persistente nesse período é a retirada relativa dos bancos privados estrangeiros (em certos casos, trata-se de retirada literal: saída do país). Da média de 33% do mercado em 2002, a participação dos estrangeiros cai para 24%, em junho de 2009 (ainda excluindo-se da conta o BNDES).
Nota-se também a perda de participação relativa do BNDES no total de crédito, queda de 28% nos anos Lula. Ressalte-se a palavra "relativa": a oferta de crédito do BNDES sempre cresceu e, sozinho, o banco ainda responde por 17% do crédito.
Falta de fundos, de decisão política e novas alternativas de financiamento privado devem ter contribuído para o encolhimento relativo do BNDES. Numa economia mais estável, empresas buscaram financiamento externo e, no final desse período, também no enfim nascente mercado de capitais doméstico.
Resumo da ópera, por um breve período os bancos privados nacionais começaram a aumentar agressivamente sua fatia no crédito em relação aos bancos comerciais estatais: aquele de bom crescimento econômico, entre 2007 e 2008. É provável que tal história se repita com a volta do crescimento. É provável que os estatais comerciais não tenham fôlego e tamanho para manter sua atual fatia de mercado. E, ainda, que não seja possível manter uma expansão do BNDES tal como a que se deve registrar neste ano, quando o governo até se endividou para aumentar os fundos do banco.
Enfim, o mix estatal-privado parece funcionar. Mas reformas como a dos compulsórios e dos juros regulados poderiam bem azeitá-lo. 




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