“O Saque de Roma” - Mito e Legado de Berlusconi
Política

“O Saque de Roma” - Mito e Legado de Berlusconi


um livro de Alexander Stille
(precisamente sobre o papel actual da Comunicação Social, cara Maloud)


“Ninguem é mais sonhador do que eu, mas sou um sonhador prático, porque ao contrário da maior parte das pessoas realizei os meus sonhos”
The Sack of Rome” (ou “Citizen Berlusconi”, na versão italiana), onde encontramos entre outros este exemplo de “Berlusconi por Berlusconi”, oferece-nos uma análise exaustiva sobre a “vida e obra” da figura que há mais de três décadas ocupa o centro da vida italiana e subiu ao palco politico em 1993 – que derrotado nas urnas, entregou a semana passada a demissão. Este é o homem que se apoia numa qualidade preciosa: “parece sinceramente convicto de que não existe problema que não possa resolver”. E mais: encorajando os colaboradores a começar o dia diante do espelho e “adorar-se, adorar-se”, tem uma vitalidade natural e uma extraordinária capacidade de autoconvencimento. Qualquer verdade, em cada momento, é a verdade absoluta. “Criatura (e criador) do mundo pós-moderno, onde não importa o que aconteceu, mas o que toda a gente pensa que aconteceu”, Berlusconi é um homem “da época dos mass-media, em que só contam o imaginário e a percepção”. Dono de um império da construção, da televisão, da edição, da publicidade, do futebol, decidiu em 1993 avaliar as condições para concorrer à chefia do governo. Segundo as sondagens que mandou fazer, era mais amado que Jesus Cristo e conseguia ser conhecido por 97 por cento dos potenciais eleitores, enquanto ao actual Presidente e à época primeiro-ministro Azeglio Ciampi, só 52 por cento reconheciam. O livro de Stille descreve mais do que a ascenção de Berlusconi - a partir do seu trajecto mostra-nos também parte da história recente de Itália. Um país onde a publicidade reflectia a cultura da austeridade até aos anos 70, quando Berlusconi a liberalizou; onde a televisão “tem sido um reflexo preciso da politica do país, o que até certo ponto explica a ausência de reacção por parte dos italianos que podiam (e deviam) ter reagido à conquista poitica da televisão por parte de Berlusconi”. Com a clareza da distância – o autor, italo-americano professor de jornalismo, vive em Nova Iorque – Stille dá conta da vitória “em muitas democracias avançadas” de uma fórmula que Berlusconi inventou: “dinheiro + meios de comunicação + celebridade = poder politico”. “Silvio Berlusconi como figura politica até pode ser transitória, mas o fenómeno Berlusconi é uma realidade que não deverá desaparecer fácilmente”, conclui.

Sofia Lorena, no Público (7Maio)

mais duas achegas sobre a condição da liberdade de Imprensa no Ocidente, (sugeridas pela Margarida)
* A censura no jornalismo é virulenta tanto na Grã-Bretanha como nos EUA – e isto significa a diferença entre a vida e a morte para povos de países remotos. (…)
www.resistir.info
*A guerra da galáxia internet
www.infoalternativa.org

* e o caso do PM português, por Clara Pinto Correia



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