Um companheiro, mais velho, me conta que, um dia desses, num supermercado, na Tijuca, um senhor de uns 70 anos, acompanhado do neto, aguardava na fila a sua vez de ser atendido pelo caixa.
Perto deles, dois homens bem mais novos reclamavam da vida, dos preços das mercadorias, que assim não era mais possível, que o governo não se importava com mais necessitados. Aquela ladainha que, muitas vezes, é cheia de razão, pelo que os brasileiros se acostumaram a ter de seus governos.
O senhor de 70 anos, de aparência humilde, vestido modestamente, se virou para os que reclamavam de tudo e, com um tom de voz tranquilo, mas firme , pediu desculpas pela intromissão e disse que falar mal do governo Lula era burrice, se desculpando pelo termo usado: burrice.
E continuou, perguntando se eles se lembravam como era a vida há dez anos. A frase ficou nos ouvidos de meu amigo: ”pobre não sabia que gosto tinha a carne, era só feijão e arroz, e olha lá.”.
Pôs a mão na cabeça do neto: “Este menino teve sorte de ter nascido depois, ele come carne pelo menos três vezes por semana.” O que mais me chamou a atenção de meu amigo, foi a preocupação daquele senhor em não deixar o neto sem comer carne.
Quantos milhões de famílias deixaram de sofrer esta angústia, embora milhões de outras ainda a sintam…
Os candidatos, quando forem à rua pedir votos devem ter a lucidez de lembrar das duas coisas.
Dos que passaram a poder dar carne aos filhos e aos netos, porque, entre 2002 a 2010, 24 milhões de brasileiros deixaram a pobreza. Outros 31 milhões foram elevados para a classe média.
E dos mais de 30 milhões de brasileiros que ainda estão lá, na linha vergonhosa da pobreza, que nos temos, temos, temos logo da apagar.