PARIS - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 11, em Paris, que os novos relatos feitos pelo publicitário Marcos Valério à Procuradoria Geral da República (PGR), divulgados pelo Estado, são "mentira".
Lula foi cercado por jornalistas na saída do Fórum do Progresso Social, co-organizado por seu instituto, e quebrou o silêncio que perdurou ao longo de todo o dia, quando evitou falar à imprensa.
No início da tarde, a reportagem interpelou o presidente na saída do hotel Meurice, onde está hospedado em Paris. Com expressão séria, Lula fez sinal de que não responderia questões, entrou em um carro e partiu acompanhado pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto. Duas horas depois, o ex-presidente foi protegido por um cordão de seguranças durante o fórum e não respondeu sobre o assunto. Sua primeira manifestação aconteceu ao término do evento.
Com uma postura diferente, Okamotto falou ao Estado durante o fórum e negou que tenha ameaçado Valério de morte, conforme o publicitário afirmou em seu novo depoimento à PGR. Ele afirmou que não vê novas denúncias no testemunho de Valério e que Lula teria de responder por ele mesmo.
Okamotto disse também não ter lido a reportagem do Estado que trouxe detalhes sobre o depoimento de Valério. Questionado sobre se o ex-presidente havia lido a reportagem, o assessor disse que Lula "não lê o Estadão".
A reportagem explicou os fatos relatados por Valério à Procuradoria Geral, entre as quais a de que Lula teria dado seu "ok" ao mensalão. "Meu nome não é Lula. Se teve esse negócio, eu não estava nessa reunião. Tem de perguntar para o Lula um negócio desses", alegou. Sobre a denúncia de que o esquema também teria pagado contas pessoais da família do ex-presidente, o assessor afirmou: "Que contas pessoais? Tem de perguntar para o Lula".
Indagado sobre as supostas ameaças de morte que teria feito a Valério, Okamotto devolveu a pergunta. "Eu ameacei ele de morte? Por que eu vou ameaçar ele de morte?", questionou. "Está nos autos que eu ameacei ele de morte? Duvido! Duvido que ele tenha dito isso!"
Sobre sua suposta declaração afirmando que "gente do PT" o queria morto, Okamotto negou com ênfase. "Não, não, não. Eu não tenho nenhum motivo para desejar o mal a Marcos Valério. Eu o conheci depois do episódio do mensalão, da história que ele contava que tinha feito empréstimos em nome das empresas dele para ajudar o PT", disse ele. "Isso acabou trazendo um grande transtorno para ele, não é? Ele chegou a ser condenado."
A seguir, o assessor colocou em dúvida a credibilidade das declarações de Valério à Justiça. "Pelo que eu entendi, ele esclareceu toda a imprensa brasileira, discutiu com a Justiça, deu os nomes à Justiça. Suponho que tudo o que ele tinha para falar ele já falou", argumentou. "E até algumas coisas que ele falou a Justiça não levou em consideração, como os empréstimos que ele tinha recebido."
Outro assessor que acompanha a delegação do ex-presidente, o ex-ministro Luiz Dulci não quis comentar as declarações de Valério. "Não vi o Estadão hoje. Acordei às 5h da manhã, mas por coisas daqui. Eu estou cuidando das coisas daqui", disse.