por Rodrigo Vianna
A “Veja” tem razão, minha gente. É preciso reconhecer. Está na hora de levantar essa “Cortina de Fumaça” e enxergar o que há atrás.
Depois de receber a orientação da revista, na corajosa edição que chegou às bancas essa semana, um grupo de operários da notícia (não confundi-los com as ”formigas” a que a publicação da marginal faz referência) resolveu dedicar parte da última madrugada a ler a transcrição dos grampos do Caso Cachoeira.
A leitura revela diálogos curiosos. Um deles, publicado pelo blog Dodeladelá, mostra que Cachoeira e seus arapongas se confraternizam depois de ver publicada uma reportagem no Correio Braziliense. O blogueiro Marco Aurelio Mello pergunta no Doladodelá: “A quem interessava aquela notícia?” Ah, essa cortina de fumaça…
Mas o diálogo mais intrigante é outro, também destacado pelo Doladodelá. Dois arapongas conversam. O dia: 19 de maio de 2011. Quatro dias antes, o “Fantástico” da TV Globo havia publicado reportagem sobre a compra de máquinas caça-níqueis. Os arapongas fazem referência à reportagem:
“LENINE – (…) O CHICO sentou com o repórter aí rapaz que fez, cê sabe rapaz, sentou ontem, sentou hoje…
OLÍMPIO – oh rapaz, o duuuu o do G, aquele do G que fez tudo?
LENINE – é o repórter aí homem que fez o trem do FANTÁSTICO pô”
Encerrada a transcrição (que pode ser lida aqui), esclareçamos: ”Chico” é o Dadá, araponga que trabalhava para Cachoeira e para mais meio mundo em Brasília.
Agora, vamos testar hipóteses: o araponga sentou com “o repórter do G” para que? Reparem que não se fala em repórter “da” G, mas “do” G. O que seria esse G, assim, tão próximo da palavra “Fantástico”?
G de “G Magazine”, sugere-me um gaiato no twitter. Ou seria G de “Guarani”? G de “Guaraná”? Alguém na internet falou em “G de Globo”. E aí, sinceramente, fiquei confuso. Globo seria o jornal ou seria aquele biscoito que a gente compra nas praias do Rio? Os dois são muito vendidos.
Para não ser injusto, gostaria de dizer: a reportagem do “Fantástico” parece-me correta. Não vi nada de estranho ali. No twitter, algumas pessoas dizem que a reportagem serviria para detonar adversários de Cachoeira. Não vejo elementos para afirmar isso. E a reportagem também ataca a atividade dos bingos clandestinos de uma forma geral, o que não deve ter agradado Cachoeira.
O estranho é outra coisa: por que Dadá teria se encontrado com “o repórter do G”, que “fez o trem do FANTÁSTICO”?
Esse é apenas um dos fatos que precisam ser investigados na CPI do Cachoeira. Até para que se saiba quais jornalistas faziam parte da quadrilha e quais simplesmente trocavam informações em sua busca incansável pela notícia. Por isso, afirmo: devemos nos somar ao corajoso chamado da Veja e exigir que se exponha ao país o que está por trás da “Cortina de Fumaça”
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